Poços de Caldas, MG - Considerada uma das competições mais difíceis do mundo, a Brazil-135 está novamente se aproximando. A ultramaratona acontece em janeiro e será disputada pelos principais competidores do planeta. O evento faz parte de uma das etapas do campeonato mundial, e tem duas divisões. Na divisão principal, Poços de Caldas terá apenas um representante. Adilson José Pereira, Ligeirinho, campeão em 2010, tenta novamente o lugar mais alto no pódio. O atleta vem treinando em dois períodos e acredita em um bom resultado. A competição é tratada com carinho especial por Ligeirinho, que destaca o gosto por desafios. “A BR-135 é muito difícil e única. No Brasil não tem coisa igual e por isto gosto muito de disputá-la”.
O atleta ainda enfrenta algumas dificuldades no treinamento. Atualmente ele concilia a preparação com seu horário de trabalho. A rotina é puxada. Atualmente ele treina 800 quilômetos por mês, numa média de 25 quilômetros por dia. Os treinos aliam força, grandes distâncias, resistência e preparação física. Todo este trabalho vale a pena na opinião do atleta. “Já senti o gostinho de estar em primeiro lugar neste evento e posso afirmar com autoridade que a sensação é indescritível”, conta.
O fato de ser o único atleta a representar Poços de Caldas é uma responsabilidade que vem sendo encarada com muita seriedade por Ligeirinho. “Sei da minha capacidade e vou dar tudo de mim para representar bem nossa cidade numa competição que terá repercussão mundial. “O importante é realizar uma grande prova e ficar entre os primeiros. Não vou só para ser um mero figurante. Quero mais”, continuou. Ligeirinho acredita que se conseguir realizar a prova em 30 horas terá grandes possibilidades de terminar entre os primeiros ou até mesmo ser o campeão. A BR-135 de 2013 promete ser uma das mais fortes já realizadas. Além de Ligeirinho, vários campeões de edições passadas vão estar presentes.
Sobre apoio, Ligeirinho disse que a batalha neste campo é sempre muito difícil, muitas vezes as dificuldades são maiores que as enfrentadas durante as competições. “Tenho amigos que me auxiliam. A BR-135 é uma prova onde se gasta muito e, se sua equipe de apoio não for grande, o resultado pode ser decepcionante. Infelizmente a prefeitura de Poços não me dá apoio neste evento devido ao gasto ser muito alto. Quando eles nos ajudam em algum evento, o dinheiro só vem depois, com a apresentação das notas. Só que isto é complicado. Quando te reembolsam, você já enfrentou todas as dificuldades e tirou dinheiro de onde muitas vezes nem tinha. Acho que isto poderia mudar de alguma forma. Você está representando a cidade com seriedade e um apoio para isto não seria nada demais. Uma prova como esta leva o nome da cidade para o mundo inteiro e por isto na minha opinião as autoridades locais poderiam dar mais valor a seus representantes”, lamentou Ligeirinho.
Nesta fase final de preparação Ligeirinho terá que fazer sacrifícios que comprometerá sua renda. O atleta atualmente tem dois empregos, porém, para treinar 13 horas por dia como pretende, terá que deixar um dos empregos. “O dinheiro extra vai me fazer falta, mas quero me dedicar ao treinamento. Hoje é importante trazer um grande resultado na BR-135. Vou estar sendo visto no mundo todo e meu sonho é chamar a atenção para nossa cidade e quem sabe, conseguir um apoio para disputar as outras etapas”, finalizou Ligeirinho. Além da etapa do Brasil, a BR-135 é disputada no Canadá e nos Estados Unidos. O atleta que somar mais pontos nas três edições é o campeão mundial da temporada.
A Brazil 135 é disputada em até 48 e paralelamente ao evento acontece a Brazil 217, disputa em até 60 horas em forma de revezamento. Esta segunda competição terá o poços-caldense Tiago Loiola como representante.
A competição
Toda realizada nas montanhas da serra da Mantiqueira no Estado de Minas Gerais, ela foi criada pelo ultramaratonista Mario Lacerda em 2005 e acontece no trecho de maior dificuldade do Caminho da Fé. A BR 135 Ultra nasceu inspirada em conceito e em espírito pela Ultramaratona Badwater, no Vale da Morte, USA. É extremamente difícil porque é toda realizada nas montanhas e apenas 20 dos 217 km são planos. O atleta, ao longo da prova, “sobe e desce” um monte Everest, com um total de mais de 10 km de subida e aproximadamente 9 km de descida acumuladas. Seus 217Km de extensão ao longo do Caminho da Fé testam todos os limites físicos e mentais dos atletas, levando ao extremo sua vontade de superação e de enfrentar o “impossível”.
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