A Caldense confia novamente, nesta temporada, em um treinador jovem. Com grande conhecimento no futebol, Leonardo Condé assumiu o lugar de outro jovem, Tarcísio Pugliese, que comandou o time no Campeonato Mineiro de 2013. Neste início de atividade, Condé vem agradando bastante pelos métodos de trabalhos e pela boa pré-temporada. O estilo do comandante arrancou elogios até mesmo de quem é vivido no futebol brasileiro, como Renatinho, hoje seu auxiliar técnico. Renatinho, que teve passagens por grandes clubes como São Paulo, Fluminense e seleções de base do Brasil, disse recentemente que se tivesse trabalhado com um treinador do estilo de Condé sua carreira poderia ter sido bem diferente e ele teria aproveitado as oportunidades. O Mantiqueira aproveita a primeira partida da Caldense em Poços de Caldas e apresenta Léo Condé ao torcedor da Veterana.
Mantiqueira - Como foi seu início no futebol?
Leonardo Condé - Comecei nas escolinhas de futebol do Tupi na época que o Jair Bala esteve por lá como treinador. Quando ele saiu para ser coordenador da base do América Mineiro me levou junto. Foi quando assumi o comando técnico das categorias de base do América em 2001. Fiquei por lá até 2006, numa época muito boa em minha vida, quando consegui conquistar muitos títulos. Tenho orgulho em ter ajudado na formação de muitos jogadores da base americana, que depois fizeram sucesso no futebol profissional. Em 2005, ainda na base do América, tive uma chance no time de cima. Na época o Pintado era o treinador e acabou saindo da equipe, assim comandei o time principal no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil. Depois desta fase retornei aos juniores.
Mantiqueira - Como foi a subida definitiva para o futebol profissional?
Léo Condé - Em 2006 fizemos uma excelente campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior e consegui chamar a atenção do Atlético Mineiro. Eles me convidaram para dirigir as categorias de base da equipe. Lá fiquei nos anos de 2006 a 2009 dirigindo os juvenis e os juniores do galo mineiro. Em 2009 minha carreira teve outro foco e passei a comandar equipes profissionais. Meu primeiro clube foi o Tupi, da minha Juiz de Fora, onde fiquei em duas temporadas. Depois fui para o Ipatinga na série B do Campeonato Brasileiro e depois retornei ao Tupi. Depois trabalhei no Villa Nova, onde disputei na Série D do Campeonato Brasileiro. Fizemos uma boa campanha, porém, não conseguimos o acesso. Ainda em 2012 fui para o Nova Iguaçu e tive passagens satisfatórias. No primeiro ano conseguimos uma campanha muito boa no Campeonato Carioca, sendo campeão entre os times do interior. No segundo semestre fomos campeões da Copa Rio e conseguimos a vaga para a Copa do Brasil. Após a participação acabou meu vínculo com o clube.
Mantiqueira - E a Caldense? Como é este novo desafio em sua carreira?
Léo Condé - Está sendo muito bom. A Caldense é um clube que tem uma tradição muito grande no futebol mineiro, uma equipe consolidada na primeira divisão, mas que desde 2004 está carente de uma boa campanha. Nos dois últimos anos fez campeonatos razoáveis, mas um clube que já foi campeão mineiro, campeão do interior e alguns bons resultados em competições nacionais precisa ir além de um sexto lugar. Este será nosso desafio. Queremos ajudar a colocar a Caldense num Campeonato Brasileiro e dar a projeção nacional que este time merece.
Mantiqueira - E como está a receptividade em Poços de Caldas?
Léo Condé - A cidade me acolheu muito bem, sinto que a torcida está do nosso lado e vejo todo mundo motivado e empenhado em fazer com que a Caldense volte a ser vencedora. Quero fazer história aqui, ajudar a equipe a ganhar jogos, ter sucesso e o respeito que merece. Estou encarando um novo e satisfatório desafio e isto me empolga muito. Poços de Caldas é uma cidade que vem me conquistado, sei histórias de jogadores e treinadores que vieram para cá e gostaram tanto que nunca mais foram embora. Confesso que estou adorando a cidade que é muito acolhedora.
Mantiqueira - Como você está vendo o futebol do interior que dificilmente consegue fazer frente aos grandes Atlético e Cruzeiro?
Léo Condé - A cada ano o futebol muda muito. Os times do interior de um modo geral, e nisto a Caldense está incluída, montam as equipes só para o Estadual e depois desmontam toda a estrutura. A cada ano tudo é montado e desmontado muito rápido e isto torna o interior imprevisível. Tem ano que os times menores estão fortes, mas tem ano que são bem mais fracos. O problema é que os grandes da capital estão mais fortes. O Atlético vem de um título da Libertadores, o Cruzeiro não ficou atrás e venceu facilmente o Campeonato Brasileiro. A tendência é as duas equipes querendo ganhar o Estadual de qualquer maneira este ano e isto vai dificultar ainda mais a vida dos times pequenos. Não podemos nos esquecer do América e do Boa Esporte, que fizeram boas campanhas na Série B. Acredito que teremos um dos Estaduais mais difíceis dos últimos tempos.
Mantiqueira - O que a torcida pode esperar da Caldense?
Léo Condé - A grande surpresa está sendo a união entre os jogadores devido ao fato de poucos atletas serem remanescentes de anos anteriores. Temos um time variado com jogadores do Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, enfim, de muitos lugares e, mesmo assim, temos uma sintonia legal. Claro que os atletas que já passaram pela Caldense acabam se sobressaindo, casos do Maxsuel e do Maradona, que conhecem o clube, a torcida e por isso se destacam mais. Nosso elenco mescla jogadores jovens com atletas experientes e temos alguns destaques como o segundo volante Marcel, o meia volante Michel, que joga pelo lado esquerdo, onde tem se destacado. O Diney já passou pelo Atlético Mineiro e vem apresentando um bom futebol. Nosso setor defensivo é composto por jogadores tarimbados como Marcelinho, Plínio, Vinícius. Este elenco tem tudo para apresentar boas surpresas, pelo menos é isto que esperamos.
Mantiqueira - A Caldense fez sua estreia no campeonato com um empate em Divinópolis. O que você espera da partida de hoje contra o Cruzeiro?
Léo Condé - Estamos vindo de um empate fora de casa em jogo que no meu ponto de vista fomos prejudicados. Tivemos um gol legítimo anulado e um pênalti claro não marcado, mas isto agora fica no passado. Vamos enfrentar o Cruzeiro e precisamos nos precaver. Teremos dificuldades por enfrentar um adversário qualificado, atual campeão brasileiro, porém, ao mesmo tempo existe o lado da motivação do torcedor, que terá a chance de ver a Caldense jogando pela primeira vez em casa contra um dos gigantes do futebol brasileiro. Os atletas também estão altamente motivados. Apenas precisamos controlar um pouco a ansiedade que teremos chances de fazer um bom jogo. Vamos estar próximo ao nosso torcedor e diante de um grande adversário, mas acredito em nosso potencial. Nosso jogadores são rodados e já vivenciaram este tipo de situação.
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