quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Zezito monta equipe jovem para buscar o acesso ao Módulo I

Juventude. Esta é a receita da URT de Patos de Minas para buscar o acesso para o Módulo I do Campeonato Mineiro. O treinador Zezito, ex-Caldense e Poços de Caldas FC, esteve esta semana na redação do Mantiqueira e contou o que espera da temporada 2011. O técnico aposta na juventude do grupo que montou e acredita que seu time terá boas chances de buscar o objetivo. Vale ressaltar que o time da URT tem em seu elenco o veterano Ditinho, de 38 anos, como principal destaque, o restante da equipe é formada por atletas entre 20 e 23 anos.
Mantiqueira – Como está sendo a pré-temporada da URT para a disputa deste Campeonato Mineiro?
Zezito – Acredito que conseguimos montar um bom time e procurei fazer aquilo que já estou bastante acostumado. Às vezes é preciso buscar um bom atleta mas quando ele chega você precisa ver qual o potencial que ele vai ter na sua equipe. No caso dos times do interior é preciso ainda ter que buscar o jogador mais barato e por isso fica mais difícil. A URT tem uma faixa salarial baixa e o jogador precisa se encaixar dentro desta limitação do clube. É difícil este trabalho pois o jogador tem que ser barato mas precisa ter qualidade para disputar uma competição difícil como este campeonato do Módulo II. Este trabalho de montagem tem que ser feito por uma pessoa como bastante conhecimento e que sabe onde buscar este jogador que acaba se tornando num verdadeiro achado. No time da URT, para se ter uma ideia, busquei jogadores no Paraná, São Paulo, Belém do Pará. Consegui trazer um meia muito bom e tenho certeza que será um dos destaques desta equipe. O segredo então é este, jogadores novos, baratos e com qualidade e vontade de jogar futebol. É como se fosse um garimpo onde você precisa ficar atento para não errar na escolha da peça certa. Acredito que o time que montei para disputar o campeonato tem condições de jogar de igual com qualquer outro da competição.
Mantiqueira – Como foram os jogos realizados até agora nesta pré-temporada?
Zezito – Fizemos dois amistosos contra uma seleção da região de Patos de Minas e vencemos um por 3x2 e o outro por 5x0 e no último domingo perdemos para o Uberaba, em Uberaba, por 2x1. Neste jogo meu time me agradou bastante pois enfrentamos uma equipe de primeira divisão, vencíamos por 1x0 até os 35 minutos do segundo tempo e levamos dois gols devido a falhas de nossa equipe. São este tipo de falhas que vamos corrigir até o início da competição. Estes jogos de pré-temporada servem para analisarmos bem o jogador. Estamos num momento em que o resultado não deve ser levado tão em conta, a postura, vontade e desempenho dos atletas são os itens mais avaliados.
Mantiqueira – O elenco já está fechado? Qual a média de idade de sua equipe?
Zezito – Um elenco nunca está fechado a ponto de não poder receber um bom jogador. Temos praticamente nosso elenco todo montado, sendo um time jovem, com uma qualidade boa. O veterano da equipe é o Ditinho, uma verdadeira relíquia da URT. A diretoria me pediu a contratação deste atleta para ele ter a oportunidade de encerrar a carreira lá. Analisei bastante e vi que ele se encontra muito bem fisicamente, é um goleador, tem boa presença de área, então aceitei a indicação e ele está no nosso grupo sendo o jogador mais velho do elenco. Acredito que o Ditinho vai ajudar esta garotada com sua qualidade pois dentro da área ele não perdoa, sabe fazer gols como poucos. Claro que é um jogador que devido à idade não pode ser muito forçado, precisa ter um cuidado especial, mas é artilheiro e será um boa arma para nosso time neste campeonato. O Ditinho ainda é exemplo a ser seguido, pois além de ser um bom jogador tem uma vida regrada, não fuma, não bebe, não gosta de noitadas e com estas características é mais fácil de se trabalhar.
Mantiqueira - O que Patos de Minas espera da URT neste campeonato?
Zezito – A expectativa é muito grande. Patos de Minas é uma cidade onde se respira futebol. Existe uma rivalidade muito grande com o Mamoré, a outra equipe da cidade, e fica um clima envolvente a cada campeonato que se aproxima. Este ano esta ansiedade da torcida é maior pois logo na primeira rodada acontece o jogo entre Mamoré e URT, o clássico local que é cercado de muita paixão por parte de seus torcedores. No dia deste clássico a cidade pega fogo, fica dividida e acaba se tornando uma festa muito bonita. Para você ter uma ideia da paixão do torcedor de Patos de Minas pelo futebol, num dos nossos amistosos contra uma seleção local foi arrecadada meia tonelada de alimentos. Durante os coletivos as arquibancadas ficam lotadas. Eu fui bem aceito na cidade, todos gostam do meu trabalho, sendo que já é a terceira vez que estou dirigindo a URT e tento retribuir este carinho desempenhando um bom trabalho. Por duas vezes minha função era evitar o rebaixamento e este ano estamos focados em chegar ao módulo I. Estou satisfeito, pois é um lugar que dá grandes condições de se desenvolver um bom trabalho.
Mantiqueira – Que possibilidade real você acredita que a URT tem de subir para o Módulo I?
Zezito – Analisando friamente sabemos que será muito complicado pois estamos numa chave muito difícil. Vamos enfrentar o Mamoré, Patrocinense, Uberlândia, Ituiutaba, que agora será chamado de Boa, e o Fluminense de Araguari. Todos os jogos são considerados clássicos. O Ituiutaba vem forte embalado pelo acesso para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Uberlândia foi rebaixado ano passado e este ano fará de tudo para recuperar sua vaga no módulo I. Vejo o Uberlândia muito forte devido a sua grande estrutura, é de uma grande cidade e tem dinheiro e isto faz diferença na hora que o campeonato pega para valer. A Patrocinense é outra força e vem com uma parceria com o Santo André. Este time da Patrocinense tem alguns jogadores que disputaram ano passado com as cores do Vulcão, mas se reforçou bem para o campeonato. O time que subiu este ano para o módulo II vem para brigar por uma vaga na elite mineira. Nossa chave é complicada mas isto não abala nossa confiança e acredito que com nosso trabalho vamos encarar todos de igual para igual.
Mantiqueira - Você fez parte de parte da pré-temporada do Poços de Caldas FC. Na sua opinião, o time tem chances de buscar uma vaga na elite este ano?
Zezito – Fiz um trabalho no Vulcão que posso dizer que foi muito gratificante. Fui contratado para montar uma seleção da região e formar um time para disputar o Campeonato Mineiro. A equipe passava por dificuldades, cogitava-se até não se disputar o Estadual. Depois a diretoria do clube me pediu uma ajuda na busca de patrocinadores e eu consegui trazer um grupo muito bom, pessoas que conheço, que já trabalharam comigo, fizemos uma excursão internacional, alguns jogadores chamaram a atenção, sendo que dois ou três podem ser negociados e o clube foi se recuperando. Acredito que neste campeonato o Vulcão virá forte. Deixamos uma base muito boa que se for mantida o time terá grandes possibilidade de ser forte neste campeonato. O time tem tudo para brigar na parte de cima da tabela. Estou torcendo muito por eles. Eu, infelizmente, não pude dar continuidade ao meu trabalho, já que recebi uma boa proposta da URT e no futebol é assim mesmo, você tem que buscar uma opção e eu tive que sair. Mesmo assim estou procurando ajudar no que posso através de conversas por telefone e eles acabaram ficando muito bem servidos de treinador, já que trouxeram o João Carlos de volta. O João já foi treinador da equipe e vai fazer um bom trabalho. Eu já trabalhei com o João Carlos em Sete Lagoas e indiquei ele ao Vulcão por saber do seu potencial. Ele é um treinador novo mas com uma inteligência muito grande. O Vulcão tem um patrimônio muito bom e acho que se houver uma boa habilidade por parte de todos os envolvidos com a equipe existem tem totais condições de subir.
Mantiqueira – Ano passado a URT praticamente eliminou as possibilidades do Poços de Caldas conquistar uma vaga na elite deste ano. Como foi aquele jogo para você, que comandava a URT, e seu filho Rodolfo era um dos destaques do Poços de Caldas?
Zezito - Minha postura muitas vezes é interpretada como radical mas eu levo tudo para o lado profissional. Eu gosto do Vulcão e meu filho jogava pelo Vulcão, mas na hora que entra no campo você tem que ser profissional. Este ensinamento levo para todos os meus atletas, inclusive para o meu filho Rodolfo. Estou defendendo as cores de um clube e isto fala mais alto. As cores deste clube que estou defendendo precisam ser respeitadas pois tem milhares de pessoas envolvidas. Em campo não tem filho e muito menos uma simpatia pelo time adversário e apenas o lado profissional deve prevalecer. Mas naquele campeonato não foi apenas eu que compliquei o Vulcão. Eles também nos complicaram em Patos de Minas pois nos venceram lá. Se tivéssemos vencido aquele jogo teríamos grandes possibilidades de subir para a elite. Um matou o outro.
Mantiqueira – Como pai, como você vê o Rodolfo hoje defendendo as cores da Caldense e prestes a disputar um campeonato mineiro da primeira divisão? Que conversas vocês estão tendo sobre isto?
Zezito – A gente conversa bastante. O Rodolfo me acompanha desde pequeno, tenho fotos dele de anos atrás entrando junto com o time em campo como mascote. Já dirigi cerca de 30 times e o Rodolfo tem 20 anos e está comigo sempre, desde garotinho, cresceu neste mundo do futebol. Ele hoje é um atleta que vive para o futebol quase que 100% do seu tempo, praticamente come e dorme pensando no futebol. Sou suspeito em falar, mas o Rodolfo se tornou um jogador de qualidade. Fez um bom campeonato pelo Vulcão e despertou interesse da Caldense. Foi uma negociação um pouco complicada mas o pessoal do Vulcão acabou entendo que a Caldense é uma vitrine e um clube da primeira divisão e acabou liberando ele. Agora ele vai ter que ter calma, paciência e lutar nos treinos pelo seu espaço no time. Acredito que ele é um dos mais novos da equipe, faz parte de um grupo muito bom formado pelo Catanoce. Se ele tiver paciência, trabalhar direitinho, terá seu espaço também, é só continuar jogando e nunca desistir. Tento ajudar o máximo e no que posso. Tento mostrar para ele todos os fundamentos da sua posição que é a zaga, falo de minhas experiências e ele tenta assimilar bem o que falo. Determinação, tenho certeza, não falta para ele.
Mantiqueira – Para encerrar, você acredita nas chances da Caldense neste Campeonato Mineiro? O time terá pela frente uma tabela ingrata que parece ter sido desenvolvida para prejudicar o grupo de Poços.
Zezito - Também vi uma tabela muito ruim para o time da Caldense. Claro que a Caldense terá que jogar contra todos, mas o início do campeonato será muito pesado para o time. Estrear contra o Cruzeiro, vice-campeão do Brasil, depois receber um América embalado pela classificação para a elite do futebol nacional, na sequência sair para duas difíceis partidas longe de Poços de Caldas não é o início que todos esperavam. Agora, na minha opinião, a Caldense vai precisar muito da sua torcida. O torcedor não deve querer crucificar o time em caso de uma derrota para o Cruzeiro. Se a Caldense conseguir um empate ou até mesmo uma derrota por um placar pequeno, estará de bom tamanho. A Caldense tem que se preocupar com o América em Poços e as demais partidas. Cruzeiro é Cruzeiro e o resultado, se negativo, não pode ser levado em conta. Claro que se puder vencer o Cruzeiro em Sete Lagoas, melhor ainda. Eu já vivi situações como esta e sei das dificuldades de se enfrentar grandes clubes. Mesmo que a Caldense tenha time para jogar de igual para igual com o Cruzeiro existem muitos fatores que pesam em favor do time grande. Em caso de dúvida a decisão da arbitragem sempre é a favor do time maior, existe uma pressão da Federação e por isto enfrentar os grandes acaba se tornando muito difícil. O torcedor tem que ter paciência, não analisar este jogo contra o Cruzeiro até mesmo para não dar uma carga muito grande para os jogadores e comissão técnica, que é competente e tem tudo para fazer um grande trabalho durante o campeonato, mesmo com a tabela jogando contra. Claro que o profissional quer vencer do Cruzeiro, do Atlético. São profissionais, mas existem muitos fatores além das condições financeiras. Um jogador do Cruzeiro paga a folha inteira da Caldense por muitos meses e isto pesa também. Eu, se jogasse num time igual ao Cruzeiro, quando enfrentasse um time do interior iria querer passar por cima. É esta a mentalidade de um time grande quando enfrenta um menor. Existe um investimento grande e uma derrota para um time pequeno gera muitas cobranças. Uma derrota do Cruzeiro para a Caldense por exemplo levaria uma onda de críticas da imprensa para o time da capital que acabaria ocasionado uma repercussão negativa muito grande para eles. Por isto eles devem entrar em campo querendo passar por cima da Caldense, que terá que jogar com muita inteligência para buscar ao menos um empate. Times como Cruzeiro e Atlético entram com a obrigação de vencer todos para evitar a cobrança excessiva por parte da mídia e da própria diretoria. Claro que o torcedor da Caldense quer ver seu tive vencer o Cruzeiro fora de casa. Eu também quero isto, porém sei das dificuldades, que são grande e peço para a torcida não levar este jogo em consideração. O Catanoce é um grande treinador, montou bem sua equipe e vai fazer o campeonato mineiro que sua torcida espera. A Caldense, no meu entendimento, vai passar por cima das dificuldades impostas pela tabela e tem condições de ficar entre os quatro classificados.

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