Nunca fui uma pessoa que se deslumbrasse ao ver um artista ou jogador famoso. Semana passada, conheci pessoalmente Zico, que considero o maior jogador do Brasil que tive a oportunidade de ver atuando. Estar diante de Zico foi diferente. Quando vi o “galinho” frente a frente foi como estar de volta ao passado, exatamente aos anos 80, quando o Flamengo tinha um timaço e o grande maestro daquela equipe era Zico.
Ele sempre foi um exemplo dentro e fora de campo, praticava um futebol de pura arte e nunca apelava para a violência. Ele, sim, foi vítima várias vezes de jogadas desleais de zagueiros que não tinham alternativa para parar o craque senão apelando à violência. Em 1985, a carreira do craque quase acabou por causa desta violência.
Ele sofreu uma grave lesão quando torceu os dois joelhos e teve lesões nos dois tornozelos após uma dividida com Márcio Nunes, do Bangu. O lateral ficou estigmatizado para sempre, enquanto o camisa 10 tentava superar a desconfiança a respeito de seu estado físico. Foi a pior fase da carreira do atleta, que foi ao Mundial de 1986, mas, a exemplo do resto do time brasileiro, não esteve bem. Ele ainda perdeu um pênalti no jogo contra a França, quando o Brasil acabou eliminado daquela Copa do Mundo. Como jogador, disputou três Mundiais - 78, 82 e 86 - e encerrou a carreira em 1994 no Japão, onde também se tornou um grande ídolo.
Estar diante de uma pessoa com tamanha importância para o futebol brasileiro e não sentir uma nostalgia de tempos que dificilmente voltam é praticamente impossível. Perguntei durante a coletiva se existia possibilidade do futebol brasileiro voltar a encantar como na época em que ele jogava. Ele disse que sim e que o Santos do primeiro semestre é um exemplo disto. Discordo. Quem viu aquele Flamengo sabe que este Santos não chegou nem perto. Não estou desmerecendo o time de Robinho, Neymar e Ganso, que realmente encantou no primeiro semestre quando foi campeão paulista e da Copa do Brasil, mas não tem comparação com aquele Flamengo da década de 80.
Depois que deixou o futebol Zico se arriscou como treinador no exterior e hoje é dirigente no Flamengo. Ele admitiu em Poços que o trabalho será complicado, pois o clube da Gávea passa por momentos difíceis. Zico tem conhecimento e competência para arrumar a situação. Se repetir como dirigente a conduta que teve como jogador será, sem dúvida, um grande cartola do futebol brasileiro.
Durante a coletiva em Poços de Caldas, ao ser questionado sobre a campanha do Brasil na Copa do Mundo da África, disse que o Brasil perdeu para a Holanda porque o time adversário foi melhor em campo e mereceu vencer. Ele se recusou a comentar o desempenho de Dunga e disse que a torcida do Brasil precisa se conformar com a derrota. O Brasil mereceu sim aquela derrota até mesmo como forma de lição para Dunga, que se mostrou despepreparado para o cargo. Agora, aceitar a derrota é difícil mesmo. Acho que o próprio Zico ainda não esqueceu a derrota para a Itália na Copa de 1982, quando o time brasileiro era uma “máquina” e caiu diante de uma equipe mediana. Não é fácil aceitar uma derrota do Brasil numa Copa do Mundo em qualquer epoca em que estivermos.
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