domingo, 15 de janeiro de 2017

“Tento sentir a mesma emoção que o torcedor sente”, diz narrador da Difusora

Poços de Caldas, MG - Luiz Gustavo Gasparino se formou em Jornalismo em 2005, em São João da Boa Vista. Assim que entrou no mercado de trabalho, atuou como repórter, fez plantões e comentários esportivos. Sempre ouvia dos amigos para tentar carreira como narrador, mas sentia receio de encarar o desafio devido à timidez.  Em 2012, surgiu uma oportunidade na semifinal da taça EPTV de futsal. O narrador que iria transmitir o jogo ficou rouco e gripado no dia da partida. Sem tempo hábil para correr atrás de outra pessoa, a solução foi chamar Gasparino para narrar. E, desde então, o jovem narrador vem se aprimorando para evoluir cada vez mais nas transmissões de jogos amadores e profissionais.

Como foi sua chegada a Poços e na Difusora?
Em 2015 recebi um convite do pessoal da Rádio Difusora, que conheceu meu trabalho através de indicações do pessoal de São João. Eu sempre cubro os campeonatos amadores de lá e eles me trouxeram para cobrir o profissional em Poços. Foi uma aposta deles e um desafio muito grande para mim. Hoje fico muito feliz em estar trabalhando aqui e cobrindo os jogos da Caldense.

Você já tinha uma simpatia com a Caldense, torcia pelo clube ou isso começou depois que começou a trabalhar em Poços?
Sempre tive uma simpatia com o clube. A Caldense é a principal equipe do sul de Minas e leste paulista. Invariavelmente vinha a Poços para assistir aos jogos da Veterana, principalmente contra Atlético e Cruzeiro. Já tomei chuva, já tomei sol e sempre torci muito. Gosto muito de futebol em geral, confesso que também acompanhei também o Rio Branco de Andradas. Mas a Caldense é uma paixão muito grande e desde que comecei a narrar os jogos do clube essa paixão ficou maior e hoje não consigo narrar um gol da Veterana se não for torcendo junto, pois fico muito emocionado e sempre torço para o time crescer ainda mais no cenário do futebol.

Quais dificuldades você encontra no seu ramo de atuação?
Não vejo muitas dificuldades, pelo menos no meu caso, que estou começando. Talvez os narradores mais experientes tenham mais histórias para contar. Confesso que ainda estou aprendendo a narrar, buscando coisas novas. Apesar da estrutura de alguns estádios não ser muito boa, sempre somos bem tratados pelas pessoas. Não temos mais aquilo de os torcedores adversários hostilizarem as equipes esportivas de fora, como acontecia antigamente. Onde encontro dificuldades é quando cubro jogos de futsal, que não têm cabines de imprensa e a gente tem que trabalhar no meio dos torcedores. Mas de um modo geral, no futebol de campo, os estádios conseguem atender as necessidades básicas da imprensa.

Existe algum tipo de preparação vocal que você realiza para aguentar falar durante todo o jogo?
Faço aquecimento. Teve uma época que eu fazia questão de comer uma maçã antes dos jogos, pois ela tem uma casca limpa e é uma fruta com muito líquido, mas como não sou muito fã de maçã, parei com esse hábito. Mas a água é fundamental, juntamente com os exercícios que faço com a língua e mandíbula para relaxar a musculatura e aquecer a voz.

Como é sua rotina de trabalho nos dias de jogo?
No caso da Rádio Difusora, a gente começa a transmitir três horas antes do início da partida e vamos falando sobre a expectativa para o jogo, dando notícias e opiniões. Apesar de eu não participar desde o início da jornada esportiva, gosto de chegar cedo e acompanhar a chegada dos torcedores e conversar com o pessoal da imprensa para ficar sabendo de tudo o que está acontecendo nos bastidores das partidas e levar as melhores informações aos ouvintes.

Como funciona o processo de memorização dos nomes dos jogadores?
Como narro vários jogos da Caldense, já estou habituado com os jogadores, mas a memorização da equipe adversária demora um pouco. Confesso que não tenho muito o feeling de olhar a cor da chuteira ou do cabelo para identificar os atletas. Me baseio mais no nome e no número para identificar cada um, mas na escalação tento associar o nome à posição do atleta porque sei, mais ou menos, aonde ele estará no decorrer da partida. Nos primeiros dez minutos de jogo tento me familiarizar com o nome e a fisionomia de cada um, mas depois a coisa flui com mais naturalidade.

O que você faz quando não sabe como pronunciar determinado nome?
Quando isso acontece tenho que pedir auxílio para o repórter de campo. Ele vai lá e pergunta para alguém do time, ou até mesmo o próprio jogador, para saber qual a maneira correta de pronunciar.

O que você sente em saber que durante um jogo várias pessoas estão te ouvindo e seu trabalho está servindo como um registro de como foi o jogo para a posteridade?
Me sinto muito honrado. Sei que temos outras duas emissoras de rádio transmitindo os jogos da Caldense aqui em Poços. Mas é uma alegria muito grande saber que muitas pessoas estão nos ouvindo, sentadas ao lado do rádio, atentas, principalmente nos jogos fora da cidade, em que o pessoal não tem como ir ao estádio. Me sinto na obrigação de levar o máximo de detalhes possíveis sobre o jogo e sinto uma felicidade muito grande em ser o porta-voz das pessoas. Tento sentir a mesma emoção que o torcedor sente e passar isso de uma forma verdadeira.

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