No último domingo, o Mantiqueira publicou uma entrevista com Agnaldo Alexandre, técnico da campeã sul-americana Tatiele Roberta de Carvalho, que reclamou da falta de apoio logístico do município para a atleta e ainda criticou o comportamento do ex-técnico sr. Chico Corredor. Segundo ele, sr. Chico se afastou da jovem e somente agora, com o título internacional, voltou a aparecer e desfilou junto no caminhão do Corpo de Bombeiros. Na tarde de ontem, a reportagem recebeu o secretário de Esportes Carlos Alberto dos Santos, juntamente com o professor Sidney de Parolis e sr. Chico Corredor, que deram suas versões sobre a entrevista de Alexandre. Também esteve na redação Joana D´Ark, sobrinha do sr. Chico, que acompanhou os primeiros trabalhos de Tatiele quando ainda treinava com seu tio. Eles falaram sobre os comentários do técnico Agnaldo Alexandre.
Mantiqueira - Professor Sidney, qual foi seu primeiro contato com Agnaldo Alexandre?
Sidney – Eu estava trabalhando no estádio Ronaldo Junqueira com um grupo de 25 a 40 alunos quando fui procurado pela Tatiele e pela Camila, que me perguntaram se poderiam treinar naquele local. Deixei bem claro para elas que por se tratar de um órgão público municipal, com horários determinados de funcionamento, precisaria apresentar um documento oficial assinado pelas pessoas competentes. Tudo foi muito bem explicado. O horário de fechamento era às 17h. No primeiro dia que a Tatiele foi treinar o documento que eu havia pedido não havia sido levado. Ela chegou com seu treinador por volta das 16h15 e eu a chamei e a lembrei que a pista tinha horário para fechar e ela respondeu que dava tempo de realizar os treinamentos que tinha para fazer e mesmo sem o documento deixei que ela treinasse. Ela fez sua sequência de tiros e mesmo sendo nosso horário de treinamento eu deixei a raia 1 livre para ela e meus alunos utilizaram a raia 2. E ela realizou totalmente o seu treinamento. O que me surpreendeu naquele dia é que por volta das 17h20 a Camila chegou e perguntou se poderia treinar. Eu disse que infelizmente não dava mais porque tinha que fechar o estádio às 17h30. Achei estranho o comportamento do técnico da Tatiele e da Camila que em nenhum momento veio na pista de atletismo e nem se apresentou como profissional, enfim, não teve nenhum contato comigo. Ele ficou sentado na arquibancada gesticulando e me apontando e parecia que ele estava criticando minha pessoa. Esta situação me deixou desconfortável. Quero deixar bem claro que quando estou no Ronaldão ministrando os treinamentos aos meus alunos qualquer pessoa que adentre o local eu tenho que saber quem é, até porque sou responsável pela integridade física de qualquer atleta que esteja treinando sob minha orientação. E o Alexandre entrou na pista de atletismo, deu uma volta e sequer chegou perto de mim e eu estranhei muito aquela atitude. Notei que quando as meninas (Tatiele e Camila) estavam longe dele elas agiam de uma maneira mas quando chegavam perto dele se alteravam e a situação era estranhíssima. Quando deu o horário de fechar o estádio, o Alexandre passou perto de mim e me ofendeu. Eu não revidei pois estava no meu horário de trabalho. Eu poderia ter feito valer a lei por ser funcionário público e não posso ser ofendido quando estou no trabalho mas deixei pra lá. Ele não tinha autorização para estar ali, mas mesmo me ofendendo mantive a calma e pedi que procurasse a Secretaria de Esportes e regularizasse toda a situação para poderem continuar treinando no Ronaldão com a devida permissão.
Mantiqueira – O treinador cita que eles foram expulsos do estádio. O que ocorreu?
Sidney – Ele vai ter que provar isto. Qualquer funcionário nosso, qualquer aluno meu, todos estão à disposição para provar o contrário. Todos viram o que ocorreu e como as coisas realmente são. Queremos que ele fale quem é que fez isto. Todos os funcionários do estádio ficaram revoltados com esta declaração ao jornal. O trabalho é feito por pessoas sérias, ninguém leva nada na brincadeira. O grande objetivo do nosso trabalho é formar cidadãos mas não cidadãos que falem inverdades. Chegamos a emprestar equipamentos para ela treinar, assim como fazemos com todos que nos procuram e devidamente autorizados emprestamos equipamentos e acompanhamos o desenvolvimento do trabalho. Ela parou de usar a pista sem sequer dar uma satisfação nem mesmo para o funcionário que estava encarregado de ir fechar o estádio.
Mantiqueira – O senhor conhece o trabalho do Agnaldo?
Sidney – Não conheço nada sobre ele. Na entrevista disse muita coisa sobre ele mesmo mas nosso trabalho não fica devendo em nada. Já revelamos muitos atletas também em nossos projetos e nem por isso fico por aí buscando aparecer em cima disso. A história da Tatiele em si é muito bonita, ela levanta cedo, treina duro, mas acho que tudo o que está acontecendo ficou ruim para ela mesmo, que sabia que muitas coisas que foram ditas no jornal eram inverdades. Acho que ela deveria ter assumido uma postura nisto tudo. Ela sabe tudo que de fato aconteceu e não dá para entender como deixa seu treinador falar tantas mentiras como falou. Uma pena. Só para ressaltar, neste sul-americano da Colômbia estavam dois atletas de Poços de Caldas revelados por mim. O Henrique Nogueira, campeão mundial estudantil, e o Tiago Nogueira de Souza, que saiu de um projeto social de atletismo em Poços e estudava no Pacheco. Ele foi campeão mundial e nunca, em momento algum, eu cheguei aqui para falar deles quando passaram a treinar com outra pessoa. Os dois moravam no Jardim Kennedy e começaram comigo.
Mantiqueira – Secretário Carlos Alberto, o senhor foi procurando pela atleta e seu treinador?
Lelo – Depois do fato citado pelo Sidney fui realmente procurado, no dia seguinte, pelo Agnaldo e pela Tatiele. A primeira pergunta que fiz para eles foi era qual o horário que eles queriam realizar o treinamento e eles me disseram que queriam o período da tarde. Quantos dias você querem treinar e eles me responderam de dois a três dias. Aí o Agnaldo me disse que eles trabalhavam até às 17h e perguntou se dava para ser feito alguma coisa para os ajudar. Eu disse que sim e coloquei um funcionário que trabalha no ginásio poliesportivo de prontidão para trancar o estádio quando eles terminassem os treinamentos, e assim ficou combinado. Eles treinariam até por volta das 18h30 e o sr. Toninho iria fechar o estádio e assim foi feito por uns quatro meses consecutivos. Sempre procuramos atender a Tatiele da melhor maneira possível, às vezes até mais do que ela pedia. Às vezes ela ia treinar em dias que não estava combinado e mesmo assim nenhum empecilho foi criado para que ela não realizasse seus trabalhos.
Mantiqueira – O que a Secretaria de Esportes disponibilizou para os treinamentos da Tatiele?
Lelo – Em nenhum momento na entrevista foi citado que ela usou muitas vezes a piscina do Country Club. Ela usou as dependências do Parque Municipal várias vezes para fazer seus treinamentos. O que me passou nesta entrevista é que o treinador da Tatiele está muito mal informando sobre onde sua atleta treina. Fiz um levantamento com o diretor do Country Club e a atleta utilizou o local por diversas vezes. E continua disponível tudo para ela treinar. A pista está livre, do estádio está livre, a pista nova está livre, a piscina está livre mas ela abandonou sem nem se importar em nos dizer porque, para depois ir ao jornal falar que não tinha apoio. A Camila continuou os treinos normalmente. Todo este apoio para a Tatiele foi dado já com ela treinando com o Agnaldo, então é muito estranho as palavras dele negando que tudo isto tenha acontecido. E volto a dizer que o espaço continua aberto e não precisa nem ela ir na Secretaria pedir autorização, pode usar a hora que quiser como sempre usou. Que fique bem claro que nunca dificultamos nada para a Tatiele, sempre usaram nossas praças e agora dizem que não. É lamentável.
Mantiqueira – O que tem a falar sobre a acusação de que estão querendo aparecer às custas da Tatiele?
Lelo – Acho que ao invés dele falar estas bobagens deveria simplesmente agradecer ao sr. Chico e à cidade. Nós, e muito menos o sr. Chico, não precisamos da Tatiele para aparacer. O professor Sidney não precisa aparecer, a professora Joana não precisa aparecer, muito menos eu, secretário de Esportes, nem a vice-prefeita como o Agnaldo citou na matéria. Tanto o sr. Chico quanto o professor Sidney são dois dos grandes profissionais do Brasil. O que eles fazem em Poços de Caldas ao revelar talentos e lapidar os jovens é muito profissional sim, mas o objetivo maior é formar o cidadão e isso eles fazem com competência que poucos conseguem. Eu gostaria de saber que projeto social este rapaz fez na vida? Porque para falar do sr. Chico e do Sidney tem que ter pelo menos a mesma experiência que eles têm. Estes dois trabalham com milhares de crianças em Poços de Caldas. O trabalho do Agnaldo foi muito fácil. Enquanto o sr. Chico trabalhava duro, brigando pelas meninas, o mesmo acontecendo com o Sidney, ele veio e simplemente pegou o que ele achava que tinha mais potencial e levou as meninas. Então, por que não procurar o jornal para agradecer ao sr. Chico e a Poços de Caldas? E não para dizer que estamos querendo aparecer às custas da Tatiele. Talvez ele não saiba que o sr. Chico para Poços de Caldas é uma pessoa muito querida, amada e não se trata de qualquer pessoa. Foi exatamente por isso que convidei o sr. Chico a subir no caminhão com ela. Foi ele quem a descobriu, foi ele que acreditou nela e como vem agora o Agnaldo questionado quem é o sr. Chico?
Mantiqueira – Joana D'Arck, você acompanhou o início da Tatiele no atletismo?
Joana – Sim, desde os primeiros passos. Ela estava com mais ou menos 9 anos e tinha problemas em casa que prefiro não citar. Cheguei a pensar inclusive em levar ela para morar comigo mas acabou não dando certo e o sr. Chico conseguiu que ela fosse morar com a avó. Neste tempo ela treinava com a gente, tínhamos o projeto mantido pela Secretaria Municipal de Esportes da Lei de Incentivo e a Tatiele fazia parte deste projeto. Muitas vezes o sr. Chico deixou outros atletas em Poços para levar a Tatiele para as competições fora da cidade, pois ele tinha total conhecimento do seu potencial. Ela nunca ficou desamparada pelo sr. Chico, ele tentava ajudar tantos nos problemas pessoais quanto no seu desempenho dentro das pistas. Certo dia ele procurou o Daniel, da Guarda Municipal, e pediu um trabalho para ela. Depois de muita batalha, ela entrou para a Guarda Mirim, local onde ela trabalha até hoje e tanto o Daniel quanto o sr. Chico foram os responsáveis diretos por este emprego da Tatiele. Arrumado o emprego o sr. Chico começou a pensar numa maneira de melhorar ainda mais as coisas para a atleta. Foi aí que ele foi atrás do restaurante Tempero Caseiro para que ela pudesse almoçar naquele local e não precisasse ir para casa. Mesmo depois que deixou de treinar com a gente ela ficou com esta parceria e nós não fomos mesquinhos, deixamos que ela continuasse almoçando no restaurante. Poderíamos ter cancelado esta parceria e não o fizemos. Muitas vezes tiramos dinheiro do bolso para ajudar a Tatiele e o sr. Chico, mais uma vez, ajudou e ela conseguiu o patrocínio com o Doces Guigui. Então, tudo que ela tem hoje saiu do passado que ela construiu com a gente, com o sr. Chico, Secretaria de Esportes. Então que fique claro que foi mentira quando o Agnaldo disse que há mais de dois anos eles não têm apoio na cidade. A Tatiele nos deixou em setembro de 2008, claro que ficamos chateados. Ela cresceu treinando com a gente e só ficamos sabendo que ela iria trocar de treinador pela boca de terceiros. Quando ficamos sabendo ela já estava treinando com o Agnaldo, correu a Volta ao Cristo, e correu muito bem, diga-se de passagem, mas ficou uma mágoa sim. Eu disse para ela que sr. Chico estava zangado com ela porque a tinha como membro da família e eu disse para ela que o mínimo que tinha que fazer era ir conversar com ele pessoalmente e explicar os motivos de sua atitude. Isto ela não fez. Quem procurou o sr. Chico foram a avó e a mãe da Tatiele e também a mãe da Camila, que informou a mudança de treinador e disse que era para o bem das atletas que iriam receber dois mil reais. Eu disse para elas irem com Deus pois nós não tínhamos como tirar este dinheiro para segurar as atletas. Eu falei para irem mesmo cuidar do futuro e assim passaram a treinar com o Agnaldo. Ainda dei conselhos, falei para elas não fazerem coisas de que se arrependeriam mais tarde e se dedicassem aos treinamentos. Agora, o sr. Chico não teve esta oportunidade de conversar com elas. O fato dele ter subido no caminhão dos bombeiros junto com a Tatiele foi um pedido do direto do secretário de Esportes Lelo. O Lelo disse para o sr. Chico subir pelo papel que teve na conquista da Tatiele na Colômbia. O secretário disse que se ela chegou onde chegou graças ao sr. Chico sim, que trabalhou com ela desde o início e a motivou a ser uma grande atleta. Se ela não tivesse o apoio da Secretaria de Esportes lá atrás, quando participava do nosso projetinho, talvez hoje não estivesse comemorando este título. Nosso projeto graças a Deus ajudou muita gente, não só a Tatiele. Então, como seu treinador procura o jornal e fala que há mais de dois anos não tem apoio nenhum? Dinheiro realmente nós não tivemos como arrumar para ela mas de resto sempre fizemos tudo para que ela fosse uma atleta e uma pessoa vencedora.
Mantiqueira – Sr. Chico, devido a todos os problemas de relacionamento que apareceram depois da mudança de treinador e pelos anos sem contato, o senhor aceitou de imediato o convite para subir no caminhão na homenagem à atleta?
Sr. Chico – De imediato eu recusei, não queria subir no caminhão. Achei que ficaria ruim minha presença lá, mas como se tratava de um pedido direto do secretário de Esportes, que chegou a insistir pela minha presença, eu acabei subindo no caminhão. Eu percebi que o técnico da Tatiele não ficou nada satisfeito com minha presença mas fiz minha parte, me apresentei a ele, estendi a mão, o cumprimentei, mas ficou uma situação delicada. O que acho disto tudo é muito simples. Acho que a Tatiela está pisando no chão de sapato alto. Que Deus a ajude a continuar vencendo e eu tenho certeza que ela será uma representante nas olimpíadas do Brasil em 2016 e eu ficaria muito feliz com isto. Eu peguei na mãozinha dela quando começou os treinamentos lá atrás, bem criança ainda, e por isto eu torço muito pelo sucesso dela. Mas acho que ela precisa colocar a cabeça no lugar. Não é por aí que a gente sobe, não pode agora tentar esquecer o passado e criticar pessoas que tanto ajudaram em seu sucesso.
Mantiqueira – O sr. ofendeu o Agnaldo, como ele disse na entrevista de domingo?
Sr. Chico – Não teve nem como. Ele não se aproximava. Eu dava os treinos para as meninas e ele ficava de longe observando, mas nunca chegava perto. Ele disse na entrevista que não deu para falar comigo mas ele nunca chegou para conversar realmente. O que ele fez foi ir na casa das meninas e propor a mudança de trabalho, oferecer inclusive dinheiro para elas treinarem com ele. Nosso projeto é social. Onde a gente vai o que o atleta ganha é dele. Se ele ganha R$ 100,00 reais é dele, se ganha uma medalha é dele, nós nunca tiramos um real de ninguém. Agora, qual a função dele como treinador dela? Tudo que a Tatiele ganha ele tem uma porcentagem em cima e isso ele não disse na entrevista. Ele vive dos ganhos dela. Nosso projeto não tem esta finalidade. Não cobramos nada, nem condução, nada sobre nada. Então ele que vive disso tem que fazer o que está fazendo mesmo, fazer com que ela ganhe nas pistas para que ele tenha também o seu lucro financeiro.
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