terça-feira, 9 de março de 2010

Renato Rezende

Renato Rezende é hoje uma das grandes esperanças do Brasil no bicicross. O jovem, que vem de uma família completamente apaixonada pelo esporte, está em constante crescimento na carreira, faz parte da seleção brasileira e é considerado a grande revelação e principal esperança de medalha nas Olimpíadas de Londres. Com todos estes requisitos Renato Rezende tem tudo para ser representante brasileiro e de Poços de Caldas nas próximas olimpíadas e com chances reais de conquistar medalhas. O atleta não se cansa das vitórias e em 2010 está correndo na categoria Elite, a principal da modalidade. Em apenas duas provas Renatinho já assumiu o sexto lugar no ranking latino. Apesar de estar no patamar de grandes atletas do Brasil, ele mantém a simplicidade e pode ser visto diariamente se exercitando na pista do Parque Municipal Antônio Molinari, onde é ídolo dos meninos que treinam no local e sonham seguir o caminho trilhado pelo campeão. Confira um pouco da história de Renatinho na entrevista da semana.
Início - "Aos sete anos fui brincar no parque municipal juntamente com meu pai e aquela pista me deixou fascinado. Enquanto meus irmãos brincavam eu ficava andando no traçado com a bike e realizando uma espécie de treinamento, porém sozinho, sem a orientação de um profissional. Depois de alguns dias nesta rotina meu pai fez uma proposta ao Elton Ghigiareli, para que ele me treinasse em troca de aulas de jiu-jitsu e foi assim que começou minha história no bicicross. Daí por diante não deixei mais este esporte que tantas alegrias tem me trazido durante todos estes anos".
As primeiras competições - “Comecei em meados de 1998. Na época aconteciam muitas competições no parque municipal e realizei muitas corridas em Poços de Caldas naquele ano. No ano seguinte já passei a disputar o Campeonato Paulista, onde fui campeão logo de cara e de lá pra cá conquistei muitos títulos".
Corrida da Globo - “Me preparei muito para esta corrida. Fiz uma pré-temporada bastante puxada. Descansei apenas os primeiros quinze dias de dezembro e depois intensifiquei os treinamentos. Eram várias horas por dia de treinamento e uma dedicação de praticamente 100% pensando apenas no bicicross. Passei o Natal no Rio de Janeiro e nem assim relaxei, treinei também em terras cariocas. Passei o réveillon treinando muito também, enfim, não me descuidei um minuto. Foi muita dedicação e muito treino para chegar bem praparado para o Bicicross Américan´s que foi transmitido direto pela Rede Globo. Todo mundo assistiu, fiz uma prova perfeita. Devido ao trabalho feito antes da prova cheguei no meu melhor nível técnico. Acho que também a experiência que adquiri nas participações anteriores me ajudou a ter o desempenho que tive na prova. Ganhei todas as baterias, derrotei o argentino que era um dos principais favoritos. Ainda para completar um final de semana perfeito em Paulínia, bati o recorde da pista e foi sensacional. A repercussão foi muito boa. Acho que agora a tendência é crescer mais a cada competição e tentar manter o nível em que me encontro”.
Giro pela América do sul - “Nem tive tempo de comemorar meu desempenho da prova da TV e na segunda-feira já estava embarcando para a Argentina. Logo no primeiro dia de competição na Argentina fui jogado para fora da pista por um competidor local, mas no segundo dia venci e fui novamente campeão. Foi mais complicado vencer na Argentina devido a ter largado em oitavo na semifinal, quando tive que lutar muito para conseguir a classificação para a decisão. Na final larguei na raia sete, por fora, fiz a primeira curva em quinto lugar mas fui ultrapassando um por um dos competidores até chegar em primeiro. Foi a primeira competição que venço fora do Brasil pela Elite e este resultado me deixou muito feliz. Depois fui para o Chile onde iria participar de uma competição. Cheguei lá, tinha acabado de ocorrer o terremoto, tudo estava muito tumultuado e as corridas tiveram que ser canceladas. Fiquei alguns dias sem ter como voltar ao Brasil até que o avião da Força Aérea Brasileira trouxe um grupo de brasileiros e eu estava entre os passageiros. Agradeço muito ao governo do Brasil por isso, pois senão iria ter que ficar mais alguns dias lá até conseguir um voo de carreira. Outro fator muito bacana foi o reconhecimento de um funcionário do consulado brasileiro no Chile, que assistiu a minha corrida pela Globo e me reconheceu. Isso também ajudou muito a conseguir vaga no voo”.
Títulos - “Apesar de ainda ser muito novo tenho uma carreira bastante vitoriosa. Fui terceiro colocado no campeonato mundial ano passado na Austrália, sou campeão latino-americano, além de várias corridas que valem pontos para o ranking mundial. Esta prova que venci na Argentina é uma destas que valem para este ranking e ajudam a somar pontos também para você conseguir uma vaga olímpica. Hoje estou muito bem neste ranking. Estou em sexto lugar no ranking latino da Elite correndo em apenas duas etapas. Estou muito bem e com boas perspectivas de chegar longe ainda dentro do bicicross. Só de campeonatos brasileiros tenho nove títulos, além de campeonatos paulistas, entre outros”.
Apoio - “Consegui um importante apoio da Crupi, na minha opinião, a melhor marca de bicicleta que existe. Consegui este apoio e ainda uma bicicleta nova. Tenho ainda ajuda da Cropi em algumas corridas. Em outras, as federações bancam minha participação. Tenho ainda parceiros importantes que estão juntos no meu dia a dia. A Pedal Sports, o Projeto Soma, minha família, o Bicicross Poços Clube, que me ajuda muito e me leva para as corridas. A Secretaria de Esportes, através do professor Lelo, que sempre atende meus pedidos e procura me dar apoio sempre que necessário, a Confederação Brasileira de Bicicross. São apoios muito importantes. O técnico da seleção brasileira Guilherme Pussieldi disse que confia muito em mim. Ele disse que hoje sou o atleta de maior potencial no Brasil na modalidade e, segundo ele, se eu me dedicar, fizer minha parte, seremos campeões sempre. Agradeço ao Paulo Romualdo que é meu preparador físico. Ele é um grande profissional de preparação física e me dá suporte necessário para aguentar as provas cansativas e os puxados treinos. A gente se fala todos os dias, digo como estão os treinos e se alguma coisa está errada ele me orienta mesmo à distância".
O momento - “Evoluí muito de uns tempos para cá. Treinei todos os dias. Tenho muita fé e também me apego a orações para ter força para superar os obstáculos. É difícil manter me focado nesta rotina de treinamentos todos os dias. O desgaste físico é grande, além do desgaste mental. Graças a Deus tive força de treinar todos os dias e estar 100% nas competições. É normal às vezes o atleta fazer corpo mole. Me foquei muito para isso não acontecer mas é preciso muito empenho nessas horas. Mesmo nos dias em que eu não estava bem procurava treinar muito e não relaxar em momento algum. Agora que estou na categoria elite a cobrança é maior, as dificuldades aumentam e devido a esta disciplina acho que estou de igual para igual com os principais pilotos. A corrida da Globo provou isso, pois enfrentei o campeão mundial, além de vários pilotos muito fortes do Brasil e do exterior e mesmo assim consegui vencer, provando a mim mesmo que melhorei muito do ano passado para este ano”.
Olimpíadas - “Estou muito focado em buscar esta vaga para o Brasil. Estou indo disputar os Jogos Sul-Americanos na Colômbia nos dias 20 e 21 deste mês. Farei parte da delegação da seleção brasileira. Vou batalhar por um bom resultado nesta competição que ajuda muito em pontuação e pode me ajudar a conseguir uma vaga para as Olimpíadas de Londres. No mês que vem devo ir para Copenhagen, Dinamarca, participar de uma competição de Supercross que também vale para o ranking das olimpíadas. Ao todo faltam 32 corridas até os jogos olímpicos de Londres e vou estar em todas elas. Estou muito confiante em conseguir a vaga para representar o Brasil”.
Família - “Minha família vive 100% o esporte. Meu pai Paulão Rezende deixou muitos compromissos particulares para se dedicar a minha carreira. Ele me passou tudo sobre disciplina e sabia que minha dedicação seria grande. Minha mãe Sandra Sarmento está ao meu lado o tempo todo. Ela também é esportiva e desde criança sempre tive seu apoio. Tive uma alimentação diferenciada em casa, o que me ajudou muito a seguir uma vida saudável e compatível com o esporte. Tanto meu pai quanto minha mãe fizeram tudo para que nada me faltasse. Os gastos foram muitos e sempre graças aos esforços dos dois sempre tive as condições necessárias para buscar meus sonhos. Mesmo nas dificuldades eles nunca deixaram de me ajudar. Além disso meus irmãos sempre estiveram junto, se espelhando e também me dando forças para continuar. Minha madrasta Paula também me ajudou e ainda ajuda. Este apoio da família é fundamental na vida de qualquer pessoa. Sou atleta e tenho o privilegio de ter uma família maravilhosa ao meu lado. Mas qualquer um que possua esta estrutura tem tudo para ser um vencedor na vida, seja atleta ou não”.

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