Mesmo com uma preparação física feita especificamente para disputar a BR-135 deste ano, o atleta Adilson José Pereira, Ligeirinho, teve muitos problemas físicos para completar a prova. Atual bicampeão, ele ainda conseguiu um grande feito ao terminar esta etapa em terceiro lugar e subindo novamente ao pódio. O ultramaratonista lamentou a falta de apoio da Secretaria Municipal de Esportes. “Desta vez não me deram um tostão. Tive que contar com a ajuda de velhos parceiros para completar o dinheiro de algumas taxas e outras necessidades durante a prova”, contou o piloto.
As dificuldades - O forte calor foi a principal dificuldade encontrada por Ligeirinho na BR-135 deste ano. Em alguns momentos de prova os termômetros acusavam 30 graus, mas com uma sensação térmica de quase 45, sendo um grande obstáculo para a maioria dos competidores. “Subiu a umidade do chão com o sol forte que não deixava a gente transpirar direito”, contou o atleta, que teve grandes problemas numa parte da prova que é sua favorita. Quando passava pelo Pico do Gavião ele teve queda de pressão, crises de vômitos, desmaiou e ficou cerca de 1 hora e meia parado até se restabelecer. Esta foi apenas uma das várias crises que ele teve que enfrentar até o final da prova. Mesmo com apelos de vários atletas e até mesmo da equipe de apoio para que deixasse a prova Ligeirinho resolveu continuar na briga pelo tri. “Não podia decepcionar ninguém. Tinha muita gente me ajudando, patrocinadores, pessoas que confiam em mim e não poderia abandar de forma alguma aquela prova. Fui lutando contra meu corpo, devagar e continuando na competição de um jeito ou de outro”, contou o atleta. A insistência de Ligeirinho foi tamanha que ele continuava brigando pelas primeiras posições mesmo com o problema enfrentando no Pico do Gavião. Quando tudo parecia seguir normalmente o atleta voltou a ter problemas. Em Inconfidentes, com metade do percurso feito, Ligeirinho estava na quarta colocação, mas já estava novamente sentindo alguns problemas físicos. Em Borda da Mata ele já estava em segundo lugar quando ele se alimentou e seguiu em frente, porém 10 km à frente o atleta desmaiou e perdeu novamente uma hora com esta parada forçada. “Quero agradecer muito ao Rovilson que ficou cuidando de mim na madrugada. Estava no meio da estrada, deitado, não tinha nada perto e por isso a ajuda do Rovilson de grande valia. Via os outros atletas passando e eu não conseguia me recuperar e perdi um tempo muito grande neste momento”, contou Ligeirinho. O insistente atleta, mostrando que o título de super atleta não é nenhum exagero, se recuperou e continuou na corrida. Os problemas não paravam. Em Toques do Mogi novo desmaio e mais uma hora perdida. “Fui lutando do jeito que dava, difícil mas na minha consciência eu tinha que concluir aquela prova. Queria mostrar para todos que não fui lá para brincar, sou um atleta sério, o que começo a fazer termino de um jeito ou de outro. Apesar do sofrimento, na minha cabeça eu queria mostrar que tinha capacidade”, disse. Recuperado e novamente na prova, Ligeirinho fez um corrida de recuperação. Em Estiva, ele já era o quarto colocado, bem perto do terceiro. Se sentindo bem fisicamente ele estava quase conseguindo a posição até que na Serra do Caçador voltou a desmaiar. Neste momento o soldado Franco da Polícia Militar, que fazia o trabalho de peacer do atleta, tentou ajudar da forma que dava. “Estávamos perto de uma goiabeira e ele não pensou duas vezes e pegou uma goiaba e me deu para comer. Tinha um bicho na goiaba e fiquei titubeante em comer e foi quando ele disse para deixar de besteira e que eu estava pior que o bicho. Comi ainda alguns morangos e fiquei revitalizado para seguir na prova”, contou o atleta. Depois deste fato não teve mais problemas. Mesmo com todas as dificuldades o atleta conseguiu ultrapassar o terceiro colocado e assumir a posição. Ligeirinho seguiu em busca de posições e passou a pressionar o segundo colocado. “Estava muito perto de assumir o segundo lugar, mas como perdi muito tempo não foi possível alcançá-lo. Cheguei apenas 7 minutos atrás dele”, contou. “Foi a prova mais difícil da minha vida, foi a medalha que paguei mais caro mas também foi uma das melhores conquistas.
Terminada a prova, Ligeirinho foi tratado como herói devido a tamanha dificuldade que o atleta enfrentou até terminar em terceiro lugar. “O campeão da prova, o Corte, disse para todos que eu era o verdadeiro campeão porque superar o que superei não é para qualquer um. Ele comentou que não faria o que fiz nesta BR-135. Para mim foi uma grande honra ter terminado a BR-135 de 2011 e se Deus quiser em 2012 vou estar lá, bem fisicamente, para buscar este título”, completou ele.
“Infelizmente não tive apoio nem da Secretaria de Esportes e nem da Loja da Borracha, onde trabalho, que ainda descontou os dias que faltei para participar da prova. Agradeço muito a Madeireira Chiqueirão, Cirúrgica Fênix, Neo Nutri, Centro Otorrino, Taú Sports, Pé Q Voa, Corphus, Alcace, Rodonossa, além de todos os atletas da equipe Pé Q Voa, pois cada um contribuiu com uma parte para interar o dinheiro que estava faltando. Quero também agradecer a Polícia Militar, que cedeu o soldado Franco, que foi um grande parceiro junto com a equipe de apoio, meu técnico José Luiz que ficou muito preocupado com os problemas que tive e me orientou muito durante a prova. E a todos que estiveram comigo de alguma forma”, finalizou.
A equipe de Ligeirinho contou com apoio do cabo PM José Luiz de Azevedo, instrutor de Educação Física do 29ºBPM, que treinou e deu suporte ao atleta durante todo o trajeto, e ao soldado Franco, do Tático Móvel, que voluntariamente correu mais de 50km com o atleta.
SME - A reportagem conversou com o secretário de Esportes Carlos Alberto dos Santos sobre o fato do não apoio ao atleta. Ele disse que realmente não ajudou Ligeirinho com dinheiro este ano devido ao orçamento apertado da Secretaria, mas que liberou a estrutura do município para que ele fizesse seus treinamentos. “O Ligeirinho usou a pista de atletismo para fazer seus treinos e acredito que isto seja sim uma forma de apoio para o atleta”, disse o secretário.
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