domingo, 11 de dezembro de 2016

A importância da preparação física no futebol

Poços de Caldas, MG - Luiz Carlos Caldiron sempre foi um apaixonado por futebol. Na adolescência, praticava o esporte e sonhava em ser um jogador profissional. Mas quando chegou a hora de fazer faculdade, optou por cursar Educação Física e abriu mão de tentar se tornar um atleta. Começou como auxiliar de preparação física no Valério e, dali em diante, deu sequência na carreira. Chegou à Caldense em 2008 para assumir o departamento de preparação física e fisiologia da Veterana, onde permanece desde então.

O preparador físico é um profissional que deve estar sempre se atualizando e estar a par das novas tendências do futebol moderno. Como você lida com isso?
Cada ano é um aprendizado. Temos sempre que inovar, trazer novidades e nos atualizar. Por melhor que seja o trabalho realizado, sempre há algo a ser melhorado. Tenho a felicidade de ter feito o curso de fisiologia do exercício e tenho contatos na USP que sempre me mandam as novidades da área. Quando chega algo novo, procuro fazer uma análise para adaptar os treinamentos ao futebol profissional e assim obter os melhores resultados.

Antigamente os resultados obtidos por um time eram creditados em sua maior parte à qualidade técnica da equipe, hoje as condições físicas exercem também um grande peso. Até que ponto o preparo físico dos atletas influencia o desempenho de um time?
A preparação física no futebol mudou muito. Talvez hoje ela seja mais importante até do que a preparação técnica. O nível de exigência de um atleta hoje durante os 90 minutos é muito grande. Tem jogadores que chegam a correr 16 km em um jogo. O preparo físico é fundamental para que o jogador consiga realizar as funções que o treinador o designou. O que temos procurado fazer é aliar diferentes tipos de trabalhos. Desde os primeiros dias de treinamento oferecemos uma preparação física intensa, juntamente aos treinamentos com bola e treinos táticos. Dessa maneira o atleta trabalha inúmeros fatores simultaneamente sem perceber e assim alcançamos nossos objetivos de maneira mais rápida e envolvente.

Como é sua rotina de trabalho?
Costumo dizer que para cada setor do campo tenho um projeto diferente. Durante os treinos, amistosos e competições, estou sempre avaliando o desempenho dos jogadores para poder fazer uma análise de como trabalhar com cada um e direcionar as atividades com base em dados. Cada atleta tem sua característica, por isso é importante saber aproveitá-las para extrair o máximo de potencial do grupo como um todo.

RENAN MUNIZ

De que forma o seu trabalho muda no decorrer da temporada?
Na pré-temporada, muitas vezes se pega um atleta que está há muito tempo parado, às vezes até seis meses. Em contrapartida chegam jogadores que vinham atuando até pouco tempo. A partir daí temos que submetê-los a baterias de avaliações físicas para determinar suas reais condições e adequá-los à carga ideal de trabalho. Por isso sempre temos um auxiliar de preparador físico, para podermos dividir a equipe em dois grupos e realizar treinamentos de acordo com suas condições. No pós-jogo é a mesma coisa. Temos que recuperar os atletas desgastados e dar condições aos que estão sem ritmo de jogo para mantermos o equilíbrio do grupo.

É claro que o equilíbrio das características é o ideal. Mas existe algum fator que seja mais importante de se trabalhar no cenário atual do futebol?
O futebol hoje, por essa questão da velocidade da bola, campos reduzidos, nos obriga a dar uma atenção especial a dois fatores: força e velocidade. Quando digo força, me refiro a um atleta que não se machuca, que seja resistente e consiga se manter sempre em alta intensidade. Já o fator velocidade se resume em chegar ao gol adversário com a maior rapidez possível e ao mesmo tempo, quando perder a bola, recompor o setor defensivo rapidamente. Mas o diferencial está no componente genético, que são as habilidades e técnica específicas de cada jogador.

A comissão técnica de um time é composta por vários profissionais. De que forma eles complementam e influenciam seu trabalho?
Eu comparo a comissão técnica a um relógio. Tem engrenagem maior, tem engrenagem menor. Preparador de goleiros, analista de desempenho, massoterapeuta, médico, fisioterapeuta, massagista, treinador, auxiliar técnico, roupeiro, enfim. Cada um é uma engrenagem. Todos têm que funcionar igualmente, pois senão o relógio vai atrasar. É importante haver a troca de informações, o diálogo. Sempre após os treinos conversamos para avaliar o que está sendo feito e definir o que iremos fazer. A interação entre a comissão técnica é fundamental para que haja um equilíbrio no grupo e assim engrandecer o rendimento do time.

Quais são as maiores dificuldades e alegrias da profissão?
A maior dificuldade é receber atletas de outros clubes que não estão acostumados ao seu padrão de trabalho. Jogadores com desequilíbrio muscular, falta de força, falta de flexibilidade. Isso nos desafia a propor treinamentos para elevá-los a um alto nível em um curto período, sem desgastá-los e sem correr risco de lesões. A maior alegria é quando vejo um atleta que trabalhou comigo conseguindo realizar um bom trabalho dentro de campo, exercendo seu papel tático com a mesma intensidade durante todo o jogo e sendo elogiado pela imprensa e torcedores. Isso pra mim não tem preço.

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