domingo, 18 de dezembro de 2016

O trabalho de um massoterapeuta no futebol

Renan Muniz

Natural de Poços de Caldas, Áureo Cesar sempre foi um amante do futebol. Em 1995, acompanhava o futsal da GM Costa e ajudava como massagista. Na mesma época, coincidiu de faltar um profissional da área no futebol de campo da Caldense e aí veio o convite. O até então inexperiente “Aurinho”, sequer sabia aplicar uma injeção, mas aceitou o desafio. Iniciou sua carreira no futebol profissional como massagista e no decorrer dos anos foi se aprimorando para se tornar um massoterapeuta. Entre passagens por Ponte Preta, Ituano, Volta Redonda, Mogi-Mirim e Paulista, Áureo está sempre integrando a comissão técnica da Veterana.

Como é sua rotina de trabalho?
Sou um dos primeiros a chegar ao clube, tenho que preparar tudo o que os atletas vão precisar ingerir antes, durante e depois dos treinos.  Separo os suplementos e medicamentos que cada jogador deve tomar, ajeito os líquidos para o pessoal poder se hidratar. Na falta de um médico, o massoterapeuta está sempre presente para ajudar. Se um atleta tem uma indisposição, por exemplo, ele me procura, eu faço uma análise e o direciono aos departamentos necessários.

Durante a pré-temporada, muitos atletas não estão nas condições físicas ideias. Por isso, existe um desgaste maior. Sua participação nesse período é mais intensa?
A pré-temporada realmente é mais desgastante, os atletas se esforçam mais e consequentemente eu acabo tendo mais trabalho. Tenho que realizar mais sessões de massoterapia para deixar os jogadores aptos para os treinos e jogos.

Quais cuidados você tem de tomar para preservar a integridade física dos atletas?
Tenho que tomar muito cuidado com a medicação. Existem diversas substancias proibidas que estão presentes em vários remédios. Por isso, tenho de ser cauteloso quando indico suplementos ou medicações para que os jogadores não sejam pegos em exames de doping e não prejudiquem nossa equipe.

Como é feito o controle alimentar no cotidiano dos jogadores?
Os atletas estão acostumados, já sabem o que pode e o que não pode comer. Todos são muitos profissionais quanto a isso, mas é claro que os orientamos em determinadas situações para podermos sempre mantes as condições físicas do grupo. Além disso, os jogadores que moram no CT, recebem alimentação balanceada diariamente.
Você teve o privilégio de participar das duas principais campanhas da história da Caldense no Campeonato Mineiro, 2002 e 2015. Na sua opinião, qual era o diferencial dessas equipes?
O diferencial dessas equipes era a união. Em 2002 o time era muito unido. Nosso trio de ataque com Zezinho, Gustavinho e Carioca era imbatível. O Zezinho tinha alguns problemas fora de campo, bebia pra caramba, mas chegava no jogo, resolvia. Os outros jogadores do grupo sabiam dessa dificuldade dele e o ajudavam muito, conversavam com ele, aconselhavam. Todos estavam muito centrados e sabiam onde queriam chegar. Em 2015 tínhamos um elenco muito bom, que teve como diferencial o técnico Léo Condé. Ele soube extrair o máximo de cada jogador e encontrar um esquema que se encaixasse perfeitamente nas características do time. A equipe era realmente uma família, um clima sempre de descontração e alegria.

No primeiro jogo da final do Mineiro 2015, contra o Atlético no Mineirão, você foi flagrado pelas câmeras dando uma piscadinha, a imagem foi destaque em rede nacional. Qual foi o contexto daquela piscada?
O contexto em si eu não posso revelar (risos). Mas foi uma brincadeira com uns amigos que eu tinha na equipe do Atlético que ficaram sabendo de uma história minha e naquele momento alguém me perguntou se era verdade e dei uma piscadinha para confirmar. Não sei se foi felicidade ou infelicidade, mas a câmera me pegou. A imagem passou ao vivo na TV, no telão do estádio e também no Fantástico. Quando cheguei no hotel e peguei meu celular, tinha mais de 60 mensagens de amigos do futebol do Brasil inteiro brincando comigo, foi muito bacana. Essa piscadinha ficou conhecida como “a piscadela” (risos).

Ao longo da sua carreira no futebol, aconteceu alguma história engraçada que mereça ser contada?
Certa vez eu viajei para a Alemanha com o Ituano. Assim que chegamos lá, tivemos que ir ao banco para poder trocar o dinheiro. Entramos na agência, passamos pela porta giratória e o banco estava lotado. De repente, do nada, um dos rapazes do nosso grupo começou a gritar “Isso aqui é um assalto! Isso aqui é um assalto!”. Eu fiquei desesperado, queria sair dali para não me envolver em confusão, não sabia o que fazer. Olhei para o lado e o pessoal tudo rindo da minha cara. Eu não estava entendendo nada. Aí o rapaz que estava gritando veio me falar “Calma Aurinho, a gente está na Alemanha, ninguém entende português!” (risos).

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