Ex-aluno de Elton Fiebig, Leandro Cunha é hoje um dos principais judocas brasileiros. O atleta vem de dois vice-campeonatos seguidos - um no Japão e outro na França - e recentemente conquistou o pan-americano do México. Cunha, conhecido também como Coxinha, esteve na graduação de faixas dos alunos do sensei Fiebig, ontem em Poços. Após o evento ele visitou a redação do Mantiqueira que entrevistou o atleta.
Mantiqueira - Como foi o começo de sua carreira com o sensei Elton Fiebig?
Leandro Cunha - Conheço o Elton desde 1995 no Projeto Futuro. Ele tem uma capacidade técnica fora do comum e até hoje e muito citado durante as viagens dos atletas da seleção brasileira. É sem dúvida um dos principais mestres do Brasil, tem uma bagagem grande, esteve no Japão, o grande berço do Judô. Nada melhor do que a experiência, o treinamento que ele tem para conseguir ser um grande formador de atletas. Aprendi muito com o Elton. Quando comecei no projeto era um calouro e ele foi muito importante em minha formação, juntamente com outros integrantes da seleção brasileira. Se hoje estou conseguindo bons resultados, não é por acaso. É graças a formação que tive lá atrás e o Elton faz parte disto tudo.
Mantiqueira - Como você vê eventos como a graduação realizada em Poços de Caldas pelos alunos de Fiebig?
Leandro - As crianças estão começando agora e este trabalho na base é muito importante. A tendência é que este projeto implantado aqui tenha muito sucesso. Comecei num evento deste tipo aos seis anos de idade e esta graduação era sempre motivo de muita expectativa. A cada ano que passa o garoto traça objetivos maiores e o caminho é este mesmo. Tenho certeza de que o Elton ainda colocará muitos atletas na seleção brasileira assim como eu estou hoje.
Mantiqueira - Você vem de dois vices mundiais e um título pan-americano. Como está seu trabalho visando aos jogos olímpicos de Londres?
Leandro Cunha - Priorizei bem este ciclo olímpico. O judoca hoje tem que estar entre os oitos melhores para ir aos jogos e se a convocação fosse hoje eu estaria dentro. Estes últimos resultados foram muito importantes em termos de pontos, hoje sou o sexto colocado no ranking mundial em minha categoria. Cada ano que passa é melhor para mim. Este pan-americano foi muito importante, inédito e que acrescentou muito em meu currículo. Ganhei também a Copa do Mundo em Miami e quero mais. Meu foco é me manter entre os melhores colocados e buscar uma vaga entre os cabeças de chave nos jogos olímpicos. Até o mês de agosto preciso ter tranquilidade pois ainda tem muita água para passar debaixa da ponte. Em janeiro vou disputar o Top 16, uma competição importante e que vale muitos pontos para as Olimpíadas. Se eu fizer uma boa pontuação neste campeonato estarei nos jogos.
Mantiqueira - Como você a questão do apoio para o judô brasileiro?
Leandro - O Judô cresceu muito e está no caminho certo. O judô é a modalidade que mais ganha medalhas em Olimpíadas é muito respeitado e sempre será esperança de medalhas. Estão aparecendo grandes patrocinadores que investem muito, principalmente na seleção brasileira.
Mantiqueira - E as cidades? Precisam apoiar mais seus pequenos atletas?
Leandro - Sem dúvida. Temos muitos futuros atletas de potencial, porém eles precisam de apoio, de uma condição para treinarem, ter um bom estudo, uma condição de tranquilidade para se dedicarem ao esporte. Se não tiver esta base, este apoio para ir em busca dos resultados, não tem jeito. As cidades precisam olhar diferente para estes meninos, para esta base. As vezes temos grandes talentos,porém, sem um apoio eles podem abandonar o esporte de uma hora para outra. O atleta talentoso está onde a gente menos imagina e não podemos deixar isto ficar em vão.A família também é de fundamental importância. Ví no evento em Poços de Caldas muitos familiares. Isto é muito bom e mostra que aqui em Poços pelo menos este apoio familiar existe. Eu mesmo, agradeço muito aos meus pais, que me deram a oportunidade de conhecer o judô. A gente não consegue nada sozinho e cada apoio é muito importante. Ajuda financeira e da família sãos os principais.
Mantiqueira - Como é ser um atleta visado pelos adversários?
Leandro - Gosto de ser desafiado e estou sempre preparado. Quando a gente não tiver o desafio pode esquecer pois acabou tudo e é hora de parar. Estes desafios a gente leva para o lado esportivo, sadio, de motivação. Claro que o adversário quer o seu lugar, não tem jeito e cabe a você defender sua posição. Esperei oito anos para chegar onde estou. Cada um tem seu momento. Estou aproveitando meu momento. Os jovens que estão começando hoje vão viver tudo isto e um dia vão chegar lá também. Eu me espelhei em grandes ídolos do judô e hoje é bom ser um espelho também. Meus esforços valeram a pena e quero servir de incentivo para esta garotada.
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