Um dos principais descobridores de talentos do voleibol brasileiro, Antônio Rizola, é hoje um dos homens fortes do esporte brasileiro. Desde outubro do ano passado Rizola assumiu a gerência das seleções brasileiras em todas as categorias, desde a base até a seleção adulta.
Rizola conversou com a reportagem do Mantiqueira durante o amistoso entre Brasil e Caldense realizado em Poços de Caldas na noite da última sexta-feira. Ele falou de sua nova função e a importância de Poços de Caldas para as divisões de base do vôlei brasileiro.
Mantiqueira - Como é essa nova função que você está desempenhando no voleibol nacional?
Antônio Rizola - Este trabalho como gerente das seleções masculina e feminina tem por finalidade em promover a integração das categorias e acompanhar o trabalho de renovação dos atletas para manter nosso vôlei respeitado no mundo todo.
Mantiqueira - Esta renovação sempre foi o ponto alto do nosso voleibol. De que forma este trabalho pode melhorar ainda mais?
Rizola - O trabalho de renovação no voleibol sempre foi muito bem feito pela Confederação Brasileira, haja vista o grande número de vitórias da modalidade. Estamos entrando numa fase em que precisamos dar uma remodelada neste trabalho. Mudou a realidade nossa em relação à Europa e a Ásia. Eles estão muito fortes e não podemos perder tempo, caso contrário vamos ficar para trás.
Mantiqueira - Poços está recebendo as meninas da categoria infantil. Esta categoria já existia?
Rizola - Poços de Caldas está tendo o privilégio de receber a primeira seleção infantil da história do voleibol brasileiro. Nunca houve uma convocação de uma equipe desta idade (14 e 15 anos). Na Europa e na Ásia esta categoria já está jogando há dois anos e ficamos atrás. Estamos tentando recuperar o tempo pedido promovendo o crescimento desta criançada.
Mantiqueira - Estas meninas saem de Poços direto para o Sul-Americano no Uruguai. O que esperar deste time?
Rizola - O campeonato será disputado em melhor de três sets. Joga-se duas vezes ao dia, manhã e noite e apenas a decisão será melhor de cinco sets. A competição terá oito equipes e cada uma jogará no mínimo sete vezes. Acredito que iremos muito bem preparados, pois estamos realizando um trabalho espetacular, prazeroso. Acompanhar desenvolvimento desta criançada é muito bom.
Mantiqueira - Poços novamente faz parte da formação de uma nova geração de campeãs?
Rizola - Sem dúvida alguma. Da equipe que foi campeã olímpica em 2008, três atletas jogaram comigo na seleção juvenil em 2005 e estiveram aqui em Poços de Caldas. Foram campeãs mundiais juvenis e campeãs olímpicas. É um processo de criação e evolução contínuo. O voleibol está sempre preocupado na preparação para continuar ganhando. Não posso afirmar que vamos ganhar sempre, mas garanto que estaremos no pódio sempre. Entre os três ou quatro primeiros colocados vamos sempre estar. Nos preocupamos muito com isto.
Mantiqueira - Como é o processo de formação desta equipe de base?
Rizola - Os técnicos das seleções brasileiras viajem por todo o Brasil observando. As Olimpíadas Escolares são um grande celeiro. Tentamos observar o maior número de competições possível. Os Regionais, Brasileiro de Seleções promovidos pela Confederação Brasileira são competições onde conseguimos “peneirar” boas jogadoras. Ainda contamos com os clubes, grandes parceiros. Temos no mínimo uns quarenta técnicos espalahdos pelo Brasil que são nossa principal referência. Entramos em contato com estes treinadores, pedimos informações, indicações. Quando eles no apontam alguma atleta de potencial, pegamos o avião e vamos até o local observar esta jogadora.
Mantiqueira - Como você está vendo o desempenho do Brasil na Copa do Mundo?
Rizola - As dificuldades são enormes. A gente não ganha mais de ninguém por 3x0 ou 3x1. É 3x2 suado. Estamos perdendo alguns jogos. Tudo dentro da normalidade. Os adversários estão numa evolução natural e o Brasil, em sua condição de campeão olímpico e vice-campeão mundial sempre será o time a ser batido. Quando você joga contra um adversário melhor que você, a vontade de ganhar e a garra é maior, a dedicação é maior. É assim que as outras seleções estão no encarando. A competição dá uma vaga para as Olimpíadas para os três primeiros, mas acredito ser muito difícil nossa classificação para Londres nesta Copa do Mundo. Estamos preocupados e trabalhando para reverter este quadro.
Mantiqueira - E a parceria com Poços de Caldas, continua?
Rizola - O voleibol brasileiro treina em Poços de Caldas há mais de 30 anos e eu venho com o grupo aqui há 28 anos. O ano que não estive aqui terminei em quinto num Mundial. Nunca mais vou deixar de vir aqui. Poços de Caldas é nossa segunda casa, temos portas abertas pelo secretário de esportes Lelo. A Caldense é um clube que nos recebe muito bem. Andamos pela cidade e somos reconhecidos, isto é gostoso de se sentir. Poços e uma cidade muito agradável e nos faz muito bem.
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