domingo, 5 de fevereiro de 2012

Atleta de Poços faz história no Deserto do Atacama

“Eu não esperava. Fui para passear, curtir a paisagem e ter momentos agradáveis. Jamais pensei em vencer, ou brigar por um resultado. Estava completamente descompromissada. O resultado me pegou de surpresa e foi maravilhoso”, disse Valéria de Cássia Cassiano, de Poços de Caldas, que no último dia 29, disputou o Mountain do Deserto do Atacama. A prova, disputada em San Pedro de Atacama, no Chile, teve a participação de aproximadamente 600 atleta e um grande número de brasileiros.
Valéria terminou na quarta colocação geral e em primeiro na categoria 40/49 anos. O resultado dela poderia ser ainda melhor caso a organização do evento não se confundisse e trocado os tempos de Valéria com o de seu namorado, Carlos de Oliveira Ventura. Valéria fez a prova com o tempo de  04h40min06, enquanto Carlos fez a prova em 05h00min04. Porém, os chips deles foram trocados. Com isto, Valéria apareceu com o tempo de Carlos e Carlos com o de Valéria. Se o tempo de 04h40min06 fosse registrado corretamente para a atleta, ela teria terminado na segunda colocação no geral. “Não tem problema, o que valeu foi a participação numa prova maravilhosa”, disse a atleta. Carlos, no entanto, não se conformou com o erro dos organizadores e tentou mudar o resultado, porém, sem sucesso. O Atleta começou a correr por incentivo da namorada. “Antes ele não corria e depois que começamos a namorar ele se empolgou”, comemora Valéria. Foi a primeira maratona de Carlos Ventura, que terminou na trigésima colocação no geral.
Carlos e Valéria tiveram que superar uma prova duríssima. O percurso de 42 quilômetros foi feito em um terreno variado (asfalto 6 km – dunas 2 km – estrada de chão 30 km – trilha 2 km – areia 2 km). A temperatura no deserto que oscilou entre 10º a 30º C.

Força de vontade
Valéria ressaltou que não precisa ser um superatleta para vencer desafios como a que ela superou no deserto chileno. “Basta ter força de vontade, basta querer, traçar metas, tudo é possível. As pessoas me perguntam como eu consegui, dizem que um dia querem ser igual. Meu conselho é que elas tenham determinação, que acreditem nelas mesmas”, incentiva Valéria.
A atleta conta que deixou muitos marmanjos para trás durante a competição. “Quando cheguei à prova vi atletas profissionais, ultramaratonistas, ironmans, todos muito bem equipados e eu apenas com meu par de tênis e minha camiseta básica. Quando comecei a correr, vi que eu estava equipada o suficiente para disputar a prova, não precisava de nada além do que já tinha. O resto estava na mente.”, disse a atleta.
Segundo Valéria, não dá para correr o tempo todo, pois o terreno tem muita areia e dunas. “As vezes é preciso de ajuda para superar alguns obstáculos, por isto, correr o tempo todo é impossível e isto me surpreendeu”, disse. Outro adversário na prova é a altitude. “A gente sente a cabeça ruim no começo e muitos chegam a desistir neste momento”, conta. Foi a primeira vez que Valéria competiu numa maratona fora do Brasil.

 Treinamentos
Para competir no deserto do Atacama, Valéria teve uma planilha especialmente desenvolvida por José Luiz Azevedo, da Assessoria Pé Q Voa. “Segui à risca tudo que o Zé Luiz me orientou nesta planilha. Durante seis meses treinei em terra batida e corri todos os dias no Parque Municipal, lugares onde não estava acostumada. Como a maioria do percurso no deserto é feito neste tipo de terreno, precisava destes treinamentos específicos”, disse Valéria, que também é orientada pelo personal trainer Alexandre Uchida. “A lição que fica desta prova é que todos podem, basta querer. Corro todos os dias e os benefícios que o esporte me proporciona compensa tudo”, completou a campeã. Na rotina de treinamentos da atleta, além de correr 15 quilômetros por dia, ela pedala e faz musculação.
“Estar bem preparada é fundamental. No Chile consegui completar a prova sem nenhum problema físico, não tinha nenhuma dor no corpo, estava inteira. Tudo graças ao treinamento diário que faço”, conta. “A prática de atividade física é muito importante para o ser humano. Sempre que posso, incentivo os amigos e começarem a praticar algum esporte. É como se a gente nascesse novamente”, completa a campeã.

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