domingo, 26 de fevereiro de 2012

Eugênio Salomão - Descobridor de Ronaldo Fenômeno fala sobre a importância da base

Eugênio Salomão, o Baiano, é um dos profissionais mais respeitados do futebol brasileiro. Especialista em trabalhar nas categorias de base ele revelou nomes famosos. Um  dos exemplos é o craque Ronaldo, mais tarde apelidado de Fenômeno. Ronaldo foi descoberto pór Baiano nas categorias de base do Cruzeiro.  Atualmente Baiano trabalha como auxiliar direto de Alex Joaquim, gerente de futebol da Caldense. Ele  é importante aliado do treinador Ademir Fonseca. Salomão relembra momentos marcantes de uma carreira de sucesso com destaque para sua passagem pela seleção brasileira
.
Mantiqueira - Você tem uma carreira bastante marcante no futebol brasileiro. Quais os pontos que você mais destaca até hoje em sua vida esportiva?
Eugênio Salomão - Tenho uma vida inteira dedicada ao esporte. Iniciei na base do Atlético Mineiro em 1978, numa época que a equipe tinha grandes jogadores. Depois fui trabalhar no Cruzeiro onde também minha passagem foi muito destacada. Foram dois clubes muito queridos em minha vida e devo muito a eles.

Mantiqueira - Como foi chegar à seleção brasileira?
Salomão - Meu desempenho no Atlético e no Cruzeiro me renderam esta grande marca em minha carreira. Nos anos de 1989, 1990 e 1991 fui para a seleção brasileira e lá conquistei título importantes como o Sul-Americano Sub-17 e Sub-20, títulos mundiais no Sub-20 entre outros. Foi um período bacana em minha viva e ali tive um aprendizado muito grande. Só estive na seleção brasileira por causa de Atlético Mineiro e Cruzeiro e por isto guardo estas equipes dentro do coração.

Mantiqueira - Poucos sabem, mas você foi o descobridor do Ronaldo Fenômeno no Cruzeiro. Como foi esta história?
Salomão - Eu indiquei o Ronaldo para o time de cima do Cruzeiro. Ele trabalhou comigo na base cruzeirense por seis meses e já era um dos destaques entre os jovens da época. Com problemas de contusão, o técnico Pinheiro que comandava a equipe principal na época precisou recorrer a base para completar o time. Foi aí que apareceu o Ronaldo. Ele fez seu primeiro jogo em Poços de Caldas como profissional pelo Cruzeiro contra a Caldense. Depois disto o técnico Pinheiro, e mais tarde, o Carlos Alberto Silva, deram mais chances para ele. Com o passar do tempo o Ronaldo foi conseguindo seu espaço e se tornou no grande jogador que todo mundo conheceu. Esta é uma das imensas alegrias que o mundo do futebol me proporcionou. No Atlético Mineiro também revelei muitos atletas. No meu entendimento todo o treinador precisa trabalhar com os jovens . Graças a Deus tive esta chance. Trabalhei em todas as categorias de um clube de futebol e isto me enche de orgulho.

Mantiqueira - Qual o primeiro clube que deu a chance de você ser um treinador de futebol?
Salomão - Em 1991 a Caldense me abriu as portas e tornou-se o primeiro clube que comandei. Fui convidado pelo presidente da época, Nilton Junqueira, e pelo Luizão, um dos dirigentes  do clube.  Depois rodei por toda Minas Gerais e conheço todos os cantos deste maravilhoso Estado. Por onde passei sempre deixei amigos, fui transparente, honesto, sempre dando o melhor de mim. Por quase todos os clubes que passei as portas ficaram abertas. Tenho boa identificação com o Democrata de Sete Lagoas, Democrata de Governador Valadares, Caldense, Tombense, entre outros.   Trabalho na primeira divisão, na segunda ou na terceira com a mesma empolgação, alegria e dedicação.

Mantiqueira - Como você vê esta sua segunda passagem pela Caldense?
Salomão - Tenho certeza pelo trabalho que está sendo desenvolvido aqui na Caldense vai dar certo. Temos bons profissionais, boa estrutura ,bons atletas.  Hoje, contra o Nacional, o campeonato começa para valer para nosso time. Os jogos de  contra o Nacional, Democrata em Governador Valadares e contra o Uberaba serão os divisores de água para nossa equipe. Se formos bem nestas partidas temos tudo para estar entre os finalistas do Campeonato Mineiro. A Caldense tem um plantel de dar inveja, com jogadores qualificados  e tem tudo para conseguir suas metas. Quero aproveitar o espaço para agradecer ao Sr. Antônio Bento Gonçalves e ao Alex Joaquim por lembrarem o meu nome e me darem a oportunidade de voltar a trabalhar em Poços de Caldas e nesta grande equipe.

Mantiqueira - Existe alguma diferença do Eugenio Salomão dos tempos do Atlético MG, Cruzeiro e seleção brasileira para o Eugênio Salomão de hoje na Caldense?
Salomão - Hoje, aos 54 anos quero ficar no futebol enquanto tiver saúde para isto. Eu queria  ter começado no futebol com a experiência que tenho hoje. Seria maravilhoso. Os profissionais da base muitas vezes não tem experiência para lidar com os jovens e isto atrapalha muito.  O jogador de futebol nasce com o dom, mas precisa da ajuda, da orientação e é aí que entra o treinador de base. Na minha época não exista a facilidade de hoje. Era mais difícil se formar.  O profissional da base precisa ter o dom de formar o talento e o homem ao mesmo tempo, olhar para o menino jogando nos campinhos e visualizar este garoto defendendo uma equipe profissional.

Mantiqueira - A Caldense tem muitos jovens. Você vê eles desta forma? Eles pode ser aproveitados pelo Ademir Fonseca?
Salomão - A Caldense tem vários atletas novos, a maioria na faixa dos 20 anos. Hoje a Caldense não tem um trabalho de base, mas esta geração mais nova que está aqui tem muito futuro. Nestes cinco meses que estamos trabalhando aqui em Poços de Caldas estes meninos cresceram muito e vão ter um grande futuro. Todos vão ter condições de jogar no time principal da Caldense e vão dar grandes alegrias para o clube.

Mantiqueira - Como você a base do futebol brasileiro hoje?
Salomão - Infelizmente o nível técnico dos nosso garotos caiu muito. Antes existiam mais campos de futebol pelos bairros e isto facilitava o surgimento dos craques. Hoje a demanda imobiliária acabou com isto e tomou conta das cidades e tirou o espaço dos campinhos de várzea. Aqui mesmo temos um exemplo disto. E, 1991, quando estive em Poços de Caldas pela primeira não havia este bairro aqui do lado do nosso CT. Era mato e hoje se tornou este grande bairro (Parque Pinheiros). Assim aconteceu por toda parte. Antes nos campinhos se jogava futebol o tempo todo, o dia inteiro e isto acabou. O reflexo desta mudança está no nível atual do futebol brasileiro que está cada vez mais carente de craques da bola. Fenômenos igual ao Neymar são cada vez mais raros no nosso futebol.

Um comentário:

Elias Paraizo Jr. disse...

Prá todo o pessoal dar uma espiadinha no SAMUEL GOLEIRO 97 de Curitiba

http://www.youtube.com/watch?v=HbvTwwv8cMc&feature=youtu.be

https://www.facebook.com/pages/Samuel-Crozeta/235453036516106