Entre Caldense e Cruzeiro estava tudo acertado e Juninho, jovem revelação da Veterana, deveria se apresentar ontem de manhã na Toca da Raposa para iniciar os trabalhos de preparação para disputar a Copa São Paulo de Futebol Juniores no começo de 2011. A intenção do Cruzeiro é preparar o time desde já e começar forte a competição, que é considerada a melhor do Brasil.
Juninho, no entanto, não cumpriu o combinado, não foi para BH e acabou criando um problema para a Caldense, que colocou o caso no departamento jurídico. Juninho tem contrato com a Caldense até 2012. “Passei a noite analisando o caso do Juninho e hoje ele deve ser notificado da decisão. Como ele não aceitou as propostas que tinha deve ficar e cumprir seu contrato até o final. Jogando ou não ele continua tendo vínculo com a Caldense”, disse Carlos Alberto de Oliveira, advogado da Caldense. O atleta continuará tendo seus salários pagos regularmente pela Caldense e não pode assinar por nenhuma outra equipe até 2012. Além do Cruzeiro, Juninho recusou propostas do São Paulo Futebol Clube, Benfica de Portugal e Stuttgart da Alemanha. “Fizemos o possível para que o Juninho fosse para um grande clube. Ele teve propostas de excelentes times do Brasil e do exterior mas recusou. Agora colocamos o caso no departamento jurídico e vamos ver como fica a situação”, disse Jânio Joaquim.
Se aceitasse ir para o Cruzeiro o atleta teria seu passe - que hoje esta estipulado na FMF em R$ 500 mil reais - emprestado até o final da Copa São Paulo e com possibilidades do time da capital ficar com o jogador em definitivo. O Cruzeiro esperou pelo atleta na manhã de ontem. Mais tarde dirigentes da Caldense telefonaram para a Toca da Raposa pedindo desculpas pelo não cumprimento do acordo.
“Ele nem apareceu para dar uma justificativa ou buscar a passagem que já estava comprada”, finaliza.
Na tarde de ontem, a Caldense dispensou Miro, responsável pelas equipes infantil e juvenil. “Tive que dispensar o professor já que a lei é muito rigorosa e não temos condições de seguir tudo conforme está sendo pedido. Dispensei o Miro, meu grande amigo e parceiro de muitos anos, com a promessa de que quando a situação for regularizada ele retorne para trabalhar com nossos meninos”, disse o presidente Laércio Martins. As equipes de base da Caldense não jogam mais nada neste ano e a medida foi para evitar punições, como as que o Villa Nova sofreu. O time de Nova Lima teve que pagar R$ 200 mil de indenização ao Fundo Estadual para a Infância e Adolescência (Fia) como forma de reparar danos causados a atletas menores de idade, contratados pela categoria de base. Segundo Arlélio de Carvalho, procurador do Trabalho, a Constituição proíbe a contratação de menores de 16 anos, salvo como aprendizes, desde os 14 anos. Segundo o procurador, o Villa Nova estaria ainda deixando de assegurar direitos dos aprendizes regularmente contratados, como trabalhistas, previdenciários e acesso à escola.
“A lei está muito rigorosa e não podemos cumprir tudo que pedem. É preciso profissionais de vários setores trabalhando exclusivamente para os meninos e acaba gerando um gasto muito grande, fora de nossa realidade. Não estamos desativando as categorias de base, apenas estamos fazendo uma paralisação com a esperança de que em breve a lei ficar um pouco mais branda. Assim teremos condições de voltar a trabalhar com os garotos”, disse Laércio Martins.
Engana-se quem pensa que apenas clubes pequenos estão na mira da justiça. Cruzeiro, Atlético e América, todos da grande Belo Horizonte, também têm problemas para manter as equipes de base. O Cruzeiro, por exemplo, registrou todos os meninos como profissionais mas a maioria acabou sendo dispensada. As duas equipes de Poços estão sob investigação - Caldense e Poços de Caldas - além do Rio Branco de Andradas. Na reportagem passada foi citado que o Vulcão mantém uma escolinha com todas as equipes de base, mas ela é desvinculada do time profissional. Segundo informações apuradas, depois de investigar os clubes profissionais o Ministério do Trabalho vai começar a buscar informações sobre as escolinhas no Estado e aí sim a escolinha do Vulcão, bem como as outras da cidade, serão fiscalizadas e precisarão prestar contas da situação dos garotos.
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