quinta-feira, 3 de junho de 2010

Vice-campeão master de judô fala da participação no Mundial

Já está em Poços de Caldas o vice-campeão mundial master de judô Elton Fiebig. O atleta falou com a reportagem e destacou quais as dificuldades que enfrentou em Budapeste, na Hungria.
Jornal Mantiqueira – O que você encontrou neste Mundial?
Elton Fiebig – Logo de cara percebi que o nível do Mundial havia crescido muito neste ano. A competição não alia apenas o turismo e todos estão ali realmente para vencer.
JM – O campeonato na Europa foi mais difícil?
EF– Sem dúvida. A quantidade de atletas da região foi muito grande. Países que vieram muito fortes para realmente buscar o título e isto acabou fazendo grande diferença. Mesmo assim dá para se tirar boas lições da competição. Mesmo não tendo vencido o campeonato este ano, o vice me dá a certeza de que estou fazendo um bom trabalho.
JM – Como você encarou a derrota na decisão?
EF – Com toda sinceridade foi uma luta aberta e muito igual. Os dois atletas poderiam ter saído do tatame com o título e neste caso infelizmente acabei perdendo. Foi coisa de detalhes, coisa que acontece quando dois adversários de peso se enfrentam.
JM – Você acha que a arbitragem influenciou no resultado do combate final?
Elton – Não tenho dúvida. Houve clara ajuda para o atleta grego, que já tem convivência maior com os árbitros europeus já que as competições na região são muitas e sempre os mesmos atletas e mesmos árbitros acabam se cruzando.
JM – Que lições você tira deste Mundial?
EF– Primeiro é não ficar lamentando os erros de arbitragem para o resto da vida. Temos que tirar boas lições do que acontece e no ano que vem, quando o Mundial será disputado no Brasil, temos que entrar com força total para podermos voltar a ter sucesso na categoria.
JM – Ficou alguma mágoa?
EF – Claro que não. Foi um evento muito bem organizado pela Federação Internacional de Judô, pela primeira vez, e esta foi uma das razões do aumento no nível técnico. Para se ter ideia, no dia em que lutei alguns ex-atletas olímpicos também estavam competindo. O evento teve grande apoio do público e da mídia da Hungria e achei muito bacana. O esporte por lá é realmente divulgado para valer.
JM – Você viu muitas diferenças entre o judô praticado aqui e o da Europa?
EF - Nossa, muita diferença. Enquanto aqui existe uma preocupação em fazer esporte mais para manter a boa saúde, lá, além desta preocupação, existe mais determianção em se formar atletas vencedores. Acredito que logo os brasileiros terão a mesma mentalidade. O atleta do Brasil que acha que tem ir apenas para “dar umas voltinhas”, fazer compras, enfim, turismo, é melhor nem ir mais porque lá as coisas são levadas a sério.
JM – Você pensa em mudar de estilo depois deste Mundial?
EF – De forma alguma. Perdi por detalhes. Hoje, mais calmo, analisando tudo com mais frieza, vendo o vídeo da luta, acabo achando os erros.
JM – E quais foram seus erros na decisão?
EF – Foi dar espaço, deixar que ele começasse o combate em vantagem acabou definindo a luta. Nos primeiros minutos eu já estava com uma punição atrás e quando fomos para a hora da definição do combate já tinha a luta muito comprometida e meu adversário entrou neste momento de decisão só para me forçar uma punição, determinado a anular meu judô e ele acabou tendo sucesso em sua tática. Admito que foi um erro de estratégia que tenho que analisar para melhorar e corrigir no ano que vem. Esta competição faz parte do passado e o que vier agora terá uma história completamente diferente.
JM – Agora é descanso?
EF – Que nada. Agora vou disputar o Campeonato Paulista Master, onde tenho certeza de que serei visado. Estou chegando com a medalha de vice-campeão do mundo e vão querer “carimbar” ela de qualquer maneira. Aliás, voltando a falar do Mundial na Hungria, por ter siso o atual campeão fui bastante visado por todos que queriam derrubar o favoritismo que eu carregava. Agora é voltar ao trabalho, agradeço aos alunos que colaboraram nos treinamentos pois são eles que me dão o suporte para os treinos e poder participar de competições importantes. Agradeço ainda ao pessoal do Projeto Soma, aos parceiros que me ajudam de uma maneira indireta e ainda aos pais de alunos que acreditam que o judô pode ser uma forma positiva de educar as crianças. Quero finalmente agradecer ao Mantiqueira que vem dando um apoio forte ao judô. Desde que cheguei a Poços fui bastante acolhido e estou mostrando para as crianças que posso ser um espelho dentro deste maravilhoso esporte.

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