sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Campeão de Ironman volta para Poços e busca apoio

O triatleta poços-caldense Tiago Franco Loiola, 29 anos, deixou a cidade há 12 anos e fez carreira vitoriosa no Maranhão. Competindo por aquele Estado Tiago conquistou títulos importantes como o Campeonato Brasileiro e o Cabra da Peste Mulher Guerreira, uma das competições mais difíceis do Brasil. Por duas vezes ele foi convocado para a seleção brasileira, mas por falta de apoio não fez parte da equipe. Agora a saudade de casa bateu forte e Tiago está de volta a Poços de Caldas. O atleta não perde tempo e já tem provas importantes para disputar nos próximos dias. Ele se prepara para a BR-135 e para a Volta ao Cristo. Confira uma entrevista especial com o atleta.

Mantiqueira - Você está se federando por Minas Gerais e será atleta de Poços de Caldas. Quais serão seus próximos desafios?
Tiago Franco Loiola - No próximo dia 20 de janeiro vou disputar a BR-135. Serão 217 quilômetros de corrida. A prova este ano começa em São João da Boa Vista e acaba em Paraisópolis. Se eu estiver em condições físicas, na semana seguinte da BR-135, disputo a Volta ao Cristo. Fiz minha inscrição ontem e quero muito participar desta prova.

Mantiqueira - Durante a temporada, quais as principais competições que você estará disputando?
Tiago - Em maio vou correr a etapa mundial do Ironman Brasil em Florianópolis. Em minha última participação nesta prova terminei em trigésimo lugar.  Antes do Ironman Brasil  pretendo competir em duas etapas do Campeonato Brasileiro. Elas servirão de treinamento para a competição de Florianópolis. No segundo semestre meu foco será o circuito de Meio Ironman que vale vaga para o Campeonato Mundial em Las Vegas.

Mantiqueira - O que pesou na sua volta para Poços de Caldas?
Tiago - Já estava no Maranhão há 12 anos e bateu a vontade de voltar para minha terra.  É muito difícil achar locais ideais de treinamento no Maranhão. Não existe uma pista que tenha acostamento, você tem que dividir espaço com os carros correndo risco ser atropelado. A qualidade do asfalto é muito ruim e não ajuda em nada no treinamento facilitando ainda o risco de lesões. Outro problema é que as pessoas de lá não incentivam muito o esporte. Fui convocado duas vezes para a seleção brasileira e não consegui viajar por falta de patrocínio. Minha volta é porque quero melhorar profissionalmente e não estava tendo esta chance no Maranhão. Quero competir bem a nível nacional, estar na elite do triathlon e acho que aqui terei mais condições de conseguir isto.

Mantiqueira - Você já conseguiu apoio aqui?
Tiago - Graças a Deus já cheguei e consegui um importante patrocínio. A Academia Performance, através do André, me recebeu muito bem. Estou fazendo meus treinos de musculação lá. Ontem entrei com um pedido na Secretaria Municipal de Esportes solicitando um local para treinar natação. Pedi autorização para nadar no Country Club e eles ficaram de analisar meu pedido. Estou correndo atrás de apoio financeiro, suplementação, inscrições para competições.

Mantiqueira - Aproximadamente quanto é preciso para disputar competições e ter um bom treinamento?
Tiago - Neste primeiro semestre fiz um levantamento de todas as competições que vou disputar e cheguei num valor aproximado de R$ 7 mil. Este valor paga todas as despesas. Para se ter uma ideia, apenas uma taxa de inscrição do Ironman Brasil é de R$ 1.200,00, para a BR-135, são cerca de R$ 600,00. São viagens, alimentação, hotéis, enfim, gastos que sem apoio é muito difícil para o atleta. Ainda tem a questão de manutenção. A bicicleta é cara, as peças são caras. Tudo envolve um custo.

Mantiqueira - Como é uma prova de Ironman?
Tiago - Me especializei nestas provas de longa distância desde 2007. O Ironman é um triathlon - natação, ciclismo e corrida - com distâncias maiores. Numa prova de ironman o atleta percorre 3.800 metros de natação, 180 quilômetros de ciclismo e 42 quilômetros de corrida. Tudo isto é feito sem parar. Meu melhor tempo numa prova deste tipo foi de 10h30. É o dia inteiro correndo, nadando e pedalando. Para se ter ideia, quando você está quase no limite, no fim da prova, ainda vem uma maratona pela frente.

Mantiqueira - Qual a prova mais difícil que você participou?
Tiago - No Ceará tem o Cabra da Peste Mulher Guerreira que para mim é mais difícil que o Ironman Brasil. por causa da alta temperatura. Em 2011 fui campeão desta prova e ebnfrentei um calor de aproximadamente 50 graus. É muito quente mesmo, para participar o atleta tem que ter muita força de vontade de gostar muito deste tipo de desafio.

Mantiqueira - Você tem uma equipe de apoio?
Tiago - Tenho uma assessoria esportiva onde sou o técnico e diretor. Para a BR-135, em São João, vem um atleta da Paraíba. Ele faz parte da equipe e vai me ajudar no apoio.

Mantiqueira - Desde que saiu de Poços de Caldas até sua volta, quais suas conquistas?
Tiago - Meus principais títulos nos últimos anos são de campeão maranhense nos últimos cinco anos, em 2010/2011 fui eleito o melhor atleta do Maranhão e este ano estou concorrendo novamente. Fui terceiro colocado no Campeonato Pan-Americano de Triathlon de Longa Distância, quarto colocado no Campeonato Brasileiro de Longa Distância, Campeão Brasileiro de Triathlon Sprint, Trigésimo colocado no Ironman Brasil, campeão no Cabra da Peste Mulher Guerreira 2011, entre outros.

Mantiqueira - Qual a margem de descanso de uma prova para outra?
Tiago - No Ironman, um mês depois da prova você ainda está cansado, sente a perna pesada, fica meio sonolento e a recuperação é muito longa. Em provas mais curtas, uma semana já dá para ficar recuperado. Ano passado extrapolei um pouco, pois fiz uma etapa de longa distância, dois ironman, uma maratona e uma ultramaratona. Acabei lesionando o joelho e o tornozelo e não quero repetir isto este ano.

Mantiqueira - Quem estiver interessado em te apoiar como deve fazer?
Tiago - Pode entrar em contado pelos telefones 9121-4037 ou 8801-0319 ou ainda pelo e-mail tiagoironman@hotmail.com

Mantiqueira - Até quando um atleta consegue competir em alto nível numa prova de ironman?
Tiago - Estou quase entrando nesta fase. Os atletas de longa distância são mais experientes. Para se ter ideia, existem atletas de 40, 42 anos que estão ganhando títulos mundiais de ironman. A partir dos 30 anos você fica mais maduro para as provas longas. Nos últimos seis anos mudei meu estilo completamente e quero chegar aos 35 anos competindo bem e em condições de buscar títulos mundiais.

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