Mantiqueira - Como foi sua caminhada dentro do futebol?
Ademir Fonseca - Comecei nas categorias de base do Botafogo do Rio e lá me profissionalizei. Fiquei no clube durante 10 anos. Depois tive passagens por Santa Cruz, Vitória e Volta Redonda. Em todos estes clubes fui por empréstimo até ser vendido para o Joinville,clube onde fiquei por três temporadas. Depois destes três anos no futebol de Santa Catarina comecei minha caminhada no futebol paulista. Meu primeiro clube no Estado de São Paulo foi o Comercial de Ribeirão Preto. Depois passei por equipes como Bragantino, São Carlense, Novo Horizontino, São José, Botafogo de Ribeirão Preto e Santo André. Após esta peregrinação por equipes paulistas fui para o Atlético Paranaense. Após esta passagem pelo Paraná, voltei para São Paulo, onde joguei pelo Ituano. Foi lá que teve início minha carreira de treinador.
Mantiqueira - Como se deu esta mudança na carreira?
Ademir - Estava atuando pelo Ituano na disputa da série A2 do Paulistão. Nosso time chegou ao quadrangular final sob comando do treinador Pepe. Perdemos dois jogos decisivos e o Pepe acabou deixando o cargo. Na época o presidente do clube não contratou mais ninguém, ele não acreditava na recuperação do time. Ele me convidou para assumir o cargo de treinador interinamente. O pedido foi reforçado pelos próprios jogadores da equipe. Não foi uma decisão fácil, pois eu estava jogando e me sentindo bem. Estava com 33 anos e era cedo para deixar os gramados, mesmo assim acabei aceitando o cargo. Acho que foi a decisão correta. Imediatamente comecei minha carreira de treinador. Naquele mesmo quadrangular conseguimos reverter o quadro desfavorável e o Ituano subiu para a primeira divisão. Após o campeonato fui para o Rio de Janeiro onde fiz um curso patrocinado pelo Sindicato dos Jogadores do Futebol. Passados seis meses comecei minha carreira de forma definitiva. Como treinador passei pela São Carlense, Tubarão de Santa Catarina, pelos aspirantes do Flamengo, União de Mogi, São Bento de Sorocaba, Volta Redonda, Madureira, Cabofriense, Marcílio Dias, Sampaio Correa, e por aí vai. Na Caldense foram duas passagens. Esta é a terceira vez que estou aqui e quero fazer um bom trabalho. Minha meta depois será em dirigir um clube grande da capital.
Mantiqueira - Como você encontrou a Caldense nesta sua terceira passagem?
Ademir - Nas outras vezes que estive aqui não tive oportunidade de começar o trabalho. Peguei a equipe nas primeiras rodadas de 2004 e nas últimas rodadas de 2007. Este time de hoje é muito mais qualificado, mais unido, nem existe qualquer tipo de racha, o clima está muito bom para se trabalhar. O time tem um objetivo traçado, querendo crescer no cenário futebolístico e isto é uma grande diferença dos outros anos.
Mantiqueira - Como você participou diretamente da montagem do time que enfrenta o Tupi daqui a pouco. Sua responsabilidade é maior que antes por causa disto?
Ademir Fonseca - Com certeza, mas ela não é só minha. Tive a oportunidade de começar o trabalho este ano aqui na Caldense. Encontrei uma base pronta e rapidamente o restante da equipe foi formado. Não montei este time sozinho, pois o Alex sempre esteve acompanhado tudo de perto. Todos os jogadores que aqui estão, vieram de comum acordo com a diretoria, o gerente de futebol e a comissão técnica. Agora, na hora do trabalho aparacer pra valer, todos querem os resultados, com isto, claro que quem montou o time terá toda a cobrança nos ombros.
Mantiqueira - O que podemos esperar da Caldense neste campeonato: classificação para o Brasileiro, classificação para as finais do mineiro ou sofrimento da torcida rezando para o time não cair para a segunda divisão?
Ademir - Temos que ser pés no chão e trabalhar com a realidade. Não posso ser imprudente e prometer algo que ainda não aconteceu para o nosso torcedor. Contamos com a torcida e com certeza teremos o apoio dela, mas primeiro, temos que conquistar os pontos necessários para nos mantermos na primeira divisão. Depois desta garantida na elite mineira, vamos buscar a vaga para o Brasileiro da Série D. Se der, vamos brigar para ficar entre os quatro. A partir daí, tudo é sonho. Sabemos que se conseguirmos estar entres os quatro finalistas, tudo pode acontecer.
Mantiqueira - Como você vê o Campeonato Mineiro?
Ademir - Está atrás apenas de São Paulo e Rio. É um campeonato muito curto, parece mais com um torneio, disputado em apenas um turno, apenas quatro passam adiante. Uma competição muito difícil e qualquer cochilo no início te deixa na parte debaixo da tabela, o que torna uma recuperação muito complicada.
Mantiqueira - Você gosta desta forma de disputa?
Ademir - Eu não gosto, preferia que fosse de outro jeito. Gostaria de uma competição maior, com dois turnos ou com mais clubes. Um campeonato com 14 ou 16 times daria mais igualdade de brigar pela classificação e não correr tantos riscos. A atual competição deixa os times pequenos muito vulneráveis.
Mantiqueira - E como disputar este “torneio” sem correr riscos?
Ademir - Primeiramente tem que ter material humano. A Caldense tem. Aqui se paga em dia, o clube dá boas condições de trabalho. Aliando bom material humano e responsabilidade já temos meio caminho andado, o resto acontece naturalmente dentro de campo.
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