domingo, 29 de janeiro de 2012

"Não sou o Jânio Joaquim e tenho minha própria personalidade”

Alex Joaquim cresceu no meio do futebol, ao lado do pai Jânio Joaquim, com quem aprendeu os segredos para ser um bom dirigente. O fato de ser filho de Jânio Joaquim acaba trazendo comparações que Alex muitas vezes descarta. “Acompanhei meu desde muito pequeno até os últimos dias de vida dele. Sei que ele era linha dura, não fugia de uma polêmica e de uma boa briga, porém, eu sou outra pessoa e tenho minha própria personalidade. Alex conversou com o Mantiqueira e disse como pretende lidar com a responsabilidade que o cargo exige. Firme nas respostas, o jovem disse que procurou assimilar tudo de bom que aprendeu com seu pai, deixando as coisas ruins de lado. Ele, no entanto, admite que herdou um pouco da personalidade do pai e que todo bom dirigente não pode deixar a polêmica de lado.

Mantiqueira - Jânio Joaquim foi gerente de futebol da Caldense por muito tempo e agora você está neste cargo. Qual é o sentimento de ocupar esta função, uma das mais importantes do clube?
Alex Joaquim – No meu caso se torna uma responsabilidade muito grande. Além de assumir o lugar do meu pai, estou, acima de tudo, ocupando um cargo que foi de um dos maiores dirigentes do interior mineiro. Ao gerenciar este clube, juntamente com o Franco, o Bambini e o Ademir, pois somos responsáveis por montar a equipe, espero muito sucesso na empreitada. Meu objetivo é conquistar títulos para o clube, que está há bastante tempo sem uma conquista. Quero fazer um bom campeonato este ano e proporcionar muita alegria aos nossos torcedores. Além do mais, uma conquista vai recompensar o trabalho de todo mundo.

Mantiqueira – Você trabalhou 12 anos diretamente com Jânio Joaquim. Neste período o que você acredita ter aprendido e que vai ajudar muito agora em sua nova carreira?
Alex – Meu pai tinha uma liderança muito grande e sabia lidar bem com as responsabilidades. Sempre procurou realizar seu trabalho da melhor forma possível. Era um cara polêmico, porém, muito honesto com os jogadores dentro do campo. Todos gostavam dele e da maneira sincera que tratava as pessoas. Procurei tirar proveito deste lado. Claro que ele tinha outro lado, mais duro, que o fez colecionar alguns inimigos ao longo da vida. Ninguém é perfeito. As coisas que achei que eram boas dele eu absorvi e as que considerei não muito legais apaguei. Ele tinha muitas virtudes e fez uma linda passagem pelo mundo do futebol, principalmente no interior de Minas, e até do Brasil. Meu pai teve uma vida inteira de dedicação ao futebol e foi um homem da bola. Não havia como não aprender alguma coisa com ele. Nasci no mundo da bola, cresci na beira de um campo de futebol. A princípio eu queria ser jogador, isso aos 10 anos de idade e desde então acompanhei ele em vários times. Neste período houve uma separação, devido aos compromissos profissionais, mas na maioria do tempo a gente estava junto. Ele sempre me mostrou os caminhos, me indicou pessoas, me apresentou empresários e jogadores e acho que agora tudo isso será muito útil.

Mantiqueira – O Alex é uma versão do Jânio Joaquim?
Alex – Se as pessoas acham isso estão complemente enganadas. Eu não vou ser um gerente de futebol na Caldense me espelhando totalmente no meu pai. Tenho vida própria, tenho minhas opiniões e tenho meu modo de lidar com jogadores e imprensa. Não sou Jânio, sou Alex, tenho minha própria personalidade. Admiro meu pai, aprendi tudo que sei com ele, mas tenho minha própria trajetória. Não é porque meu pai foi um homem polêmico, isso era da personalidade dele, que eu também tenho que ser. Tenho uma meta de trabalho, além do mais, ninguém é igual a ninguém. Você não igual a seu pai, seu filho não é igual a você e assim por diante.  Além do mais, não tive só meu pai para me espelhar na minha vida profissional. No Mogi Mirim aprendi muito com o sr. Wilson de Barros, no Ituano com o Oliveira Júnior, aprendi muito com o Laércio Martins e agora venho tendo uma grata satisfação de trabalhar com o Toninho Bento Gonçalves. Então houve uma mescla de profissionais capacitados em minha vida e de todas as pessoas que trabalhei procurei tirar delas o que achei que era bom. O que era ruim eu apaguei e criei um perfil próprio para conduzir meu trabalho.

Mantiqueira – Daqui a pouco a Caldense entra em campo pela primeira vez neste Campeonato Mineiro. Neste time que leva a esperança da torcida contra o Tupi, qual sua participação em sua montagem?
Alex – A própria escolha do treinador Ademir Fonseca foi minha. O nome para comandar o time era o de Roberto Fonseca, porém, ele estava demorando para dar uma resposta e eu coloquei o nome do Ademir na pauta. Na época eu disse para o Franco, o Bambini e o Toninho que não dava mais para esperar o Roberto e uma atitude tinha que ser tomada logo. O nome do Ademir foi aceito por todos. Na montagem do time também tive certa participação, mantivemos alguns jogadores do ano passado e fizemos uma base para o Ademir. Quando ele chegou, os atletas que ficaram aqui foram aprovados e daí por diante a formação do grupo ficou por conta dele. Neste período viajamos bastante à procura de atletas e seguindo as indicações do Ademir. Todas as contratações foram feitas em comum acordo entre eu e ele. Acredito que foi montada uma grande equipe e agora é com eles. O campeonato começa hoje e precisamos muito de bons resultados.

Mantiqueira – Como você viu a pré-temporada?
Alex – Muito boa. Montamos o time devagar, o trabalho começou dia 4 de novembro e em dezembro todos já estavam aqui. Realizamos mais jogos-treinos do que ano passado e acredito que o trabalho foi muito bem feito. Espero que o resultado desta pré-temporada venha através de vitórias dentro de campo.

Mantiqueira – Este time entra para não cair ou vai ficar entre os quatro melhores do campeonato?
Alex – Acho que temos um poder muito grande nas mãos quando falamos como torcedor. Muitas vezes vamos a um programa de TV ou falamos para um jornal com grande tiragem e a repercussão é muito grande. Temos que tomar muito cuidado com o que falamos. Temos que ter os pés no chão, temos um bom grupo, mas este time tem que dar liga, tem que se entrosar dentro de campo para conseguirmos bons resultados. Conseguimos uma boa pré-temporada, estou contente com o que vi, mas é preciso esperar a bola rolar.
Traçamos um objetivo, que é ir por etapas. A primeira é não deixar este time correr qualquer risco de cair para a segunda divisão. A segunda é buscar a classificação para a série D do Campeonato Brasileiro e a terceira é chegar entre os quatro melhores do campeonato. Depois vamos começar a sonhar alto. Temos que ser coerentes, ter os pés no chão e a princípio não vamos iludir o torcedor.

Mantiqueira – Como anda a força da Caldense hoje dentro da Federação Mineira de Futebol?
Alex – Melhor que anos atrás. Hoje temos o Eugênio Salomão, o Baiano, que me assessora e tem um conhecimento de mais de 25 anos dentro da Federação Mineira de futebol. Estamos procurando nos cercar de todos os lados, fazer realmente uma política de trabalho diferente da que era feita. Não quero que venha juiz aqui para nos roubar ou nos beneficiar. O que quero é justiça, honestidade para todos os lados e muitas conversas estão sendo realizadas neste sentido. O Baiano é muito importante para fazer esse meio de campo. Com relação à tabela claro que não ficamos satisfeitos, mas enquanto a gente não jogar seis jogos em casa esta tabela nunca será boa mesmo. Cabe a nós fazer um campeonato bom, terminar pelo menos em sexto no campeonato. Só assim vamos reverter a situação e comemorar uma boa tabela.

Mantiqueira – O que você acha da Caldense enfrentar duas equipes grandes logo no início do campeonato?
Alex – Gostei. Time grande é melhor pegar no começo do que no final do campeonato. Neste início de temporada as equipes grandes ainda estão se adaptando e a gente pode tirar algum proveito.

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