AC&M Caldense
No fim da semana passada, a equipe do programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, esteve na cidade de Poços de Caldas para entrevistar ex-jogadores da Caldense que entraram em campo num jogo amistoso entre a Veterana e o Olaria - time do Rio de Janeiro -, no dia 7 de setembro de 1972. A partida foi realizada dentro da programação comemorativa do aniversário de 47 anos da Caldense, mas o fato que chamou a atenção da equipe global teria entrado para a história do futebol mundial.
Naquela tarde de quinta-feira, no estádio Cel. Christiano Osório, localizado na sede do clube, esteve em campo um dos maiores ídolos do esporte de todos os tempos: Mané Garrincha. Já em fim de carreira, o ex-jogador da Seleção Brasileira (bicampeão mundial, em 1958 e 1962), representava a equipe carioca, que na época já agendava amistosos pelo país com objetivo de ajudá-lo financeiramente.
O público da cidade lotou o Christiano Osório e grande parte da renda adquirida com a venda dos ingressos foi revertida ao jogador, que já apresentava problemas com o alcoolismo e também de ordem financeira. Entretanto, o que muitos não sabiam é que aquele teria sido o último jogo de Garrincha como profissional, fato que motivou a equipe do Esporte Espetacular a investigar o caso junto à assessoria de imprensa da sede da Caldense.
Através da checagem dos dados, entrevistas com ex-jogadores da época e apuração de documentos históricos, jornalistas chegaram à conclusão de fatos que comprovam a história, colocando a Caldense em evidência no cenário do futebol brasileiro. O ex-zagueiro da Veterana, Hildo Abrão, foi o marcador de Mané Garrincha naquele jogo, em que a Veterana goleou o Olaria por 5 a 1. Ele conta que ficou surpreso ao saber de seu técnico que teria uma difícil missão durante os 90 minutos da partida.
"Marcar o Garrincha foi complicado, principalmente porque ele tinha a ginga nos pés. O que facilitou um pouco o meu trabalho em campo foi que eu era bem mais jovem que ele, por isso, tive maior resistência física. Mas, reconheço que ter sido o marcador de um ícone do futebol mundial é um privilégio para poucos. Aquele jogo de 1972 marcou a minha vida", conta Abrão.
De acordo com Marcelo Pizzi, produtor de reportagens do Esporte Espetacular, o fato de Mané Garrincha ter encerrado sua carreira no interior acaba promovendo a história de clubes que hoje têm pouca visibilidade no cenário nacional do futebol. "Através de depoimentos de ex-jogadores, como o senhor Hildo e J. Lopes, temos a oportunidade de conhecer partes importantes da história que ficaram confinadas na memória de um pequeno grupo de pessoas, que presenciou fatos cruciais do futebol. Com isso, remontamos também um pouco das história que foi contada lá atrás, e que a cada dia ganha novos direcionamentos e valores", afirma Pizzi.
Na manhã desta quarta-feira, dia 1º, a assessoria de imprensa da Caldense foi até a casa do historiador Décio Alves de Morais, que apresentou jornais da época que registraram os fatos que envolveram o amistoso entre Caldense e Olaria. O historiador encontrou, em seu vasto acervo, a edição do dia 12 de setembro de 1972 do jornal Gazeta do Sul de Minas, em que uma notícia escrita por ele próprio dava conta de todas as suspeitas que rondavam o caso. Garrincha foi homenageado naquele jogo de despedida, recebendo das mãos do então presidente da Câmara Municipal, Roberto B. Junqueira, um cartão de prata. "O Garrincha foi um espetáculo à parte, e encantou os vários torcedores que estiveram presentes no estádio naquela tarde histórica", relata Morais. Nesta tarde, imagens da notícia publicada no jornal, junto ao vídeo da entrevista feita com Décio Alves de Morais pela equipe da TV Caldense, foram enviadas à redação do Esporte Espetacular para compor a reportagem especial sobre os 29 anos da morte de Mané Garrincha, que vai ao ar no dia 12 de fevereiro, no programa Esporte Espetacular, em rede nacional.
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