quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Caldense ameaça mandar jogos fora de Poços de Caldas

Faltando um mês e um dia para o início do Campeonato Mineiro, uma polêmica tomou conta do futebol profissional de Poços de Caldas. A Caldense ameaça mandar seus jogos em Varginha, Alfenas ou até mesmo Andradas, caso a prefeitura não reveja sua posição sobre a exploração de placas publicitárias no Estádio Municipal Dr. Ronaldo Junqueira. A Veterana tinha um contrato de exclusividade que terminou este ano. Foi aberta nova licitação, dando possibilidade de outras empresas ou pessoas físicas explorarem as placas. O prazo para os interessados apresentarem suas propostas vai até amanhã às 14h, com as propostas sendo entregues na Secretaria Municipal de Esportes.

Secretário de Esportes
O secretário de Esportes Carlos Alberto dos Santos conversou com o Mantiqueira. Segundo ele, a empresa vencedora será aquela que fizer a proposta mais interessante. E a vencedora terá que doar para a Secretaria uma quantia mínima de R$ 1.500, que serão utilizados para a pintura do estádio.
“Estamos precisando de dinheiro para pintar o estádio e uma das exigências para o vencedor da licitação é exatamente neste ponto. O estádio não passa por uma pintura há bastante tempo e este ano esta é uma das prioridades”, disse. “O contrato com a Caldense terminou agora e estamos agindo dentro da legalidade”, declara Santos.
Sobre as ameaças do clube não atuar em Poços de Caldas, o secretário foi enfático.
 “Não é isso que queremos, mas a Caldense tem que entender que o estádio é do município e situação do jeito que estava não podia continuar. Se a Caldense jogar em outra cidade a torcida será a maior prejudicada. Espero que o bom senso prevaleça e que tudo se resolva da melhor forma possível”, disse.
A Caldense fez algumas modificações de estrutura nos locais onde ficam as placas de publicidade, principalmente no alto da arquibancada descoberta. “Todo o investimento que foi feito no local, com o término do contrato da Caldense, fica para o município. O clube não tem mais nada lá e isso está determinado por contrato”, disse Santos. “Não sou contra o clube nem contra seu presidente atual e o anterior, só estou agindo dentro da lei”, finalizou o secretário.

 Caldense
O presidente da Associação Atlética Caldense, Antônio Bento Gonçalves, disse que o departamento jurídico do clube vai entrar com a impugnação da licitação. Gonçalves reforçou que se a situação não foi revertida a Caldense não joga em Poços de Caldas. “Não jogamos em Poços de Caldas se realmente não pudermos explorar a publicidade no estádio”, disse. A reportagem não conseguiu contato com o advogado do clube para saber quais as alegações que serão feitas para impugnar a licitação da prefeitura.
Bento Gonçalves disse não querer entrar em polêmica com o prefeito Paulo César Silva nem com o secretário de Esportes, porém, não quer a Caldense leve prejuízos. “Temos contratos fechados com empresas, como Scânia, GM Costa, BMG, TV Globo, Embratel, Unimed, entre outras, e precisamos atender a todos. Como vai ficar se outra pessoa ganhar esta licitação? O que vamos fazer com as placas que já comercializamos? Não quero jogar fora de Poços de Caldas, aqui é nossa casa, mas se não pudermos colocar nossas placas aqui vamos buscar outros locais”, disse o presidente. Bento Gonçalves vai participar da licitação com a empresa Format. Se for o vencedor ele repassará os direitos de exploração para a própria Caldense. “Entrar na licitação com uma empresa particular foi um meio que encontrei para preservar os jogos em Poços e o clube não ter prejuízos. Estou pensando na Caldense e, principalmente, em sua torcida, que será a maior prejudicada caso tenhamos que ir para outra cidade”, lamenta ele.

Poços de Caldas FC
O gerente de futebol do Poços de Caldas Futebol Clube Rúbio Guerra disse que clube não entra nesta polêmica e joga em Poços de Caldas durante todo o Campeonato Mineiro do Módulo II. “Aqui é nossa casa e é aqui que vamos jogar. O que vejo nisso tudo é que tanto o prefeito quanto o secretário de Esportes precisam ser respeitados e vamos seguir o que for determinado por eles. O estádio é da cidade e não de um clube apenas. Acredito que abrir uma licitação dando chances para todos explorar as placas no local é o mais justo”, disse RúbioGuerra.

 Prefeito
O prefeito Paulo César Silva conversou com a jornalista do Mantiqueira Lucienne Cunha sobre o assunto. “Vamos retornar um pouco no tempo, quando assumi a administração, existia uma cobrança de direito do espaço público por parte do Vulcão, quando aconteceu uma briga publicitária. Naquela ocasião, o Ministério Público interveio e nos notificou querendo saber porque a administração estava dando a uma entidade particular o direito de vender publicidade em um espaço público, que no caso era o Ronaldão”. Segundo o prefeito, foi dado início à cobrança de uma taxa simbólica. "Na ocasião, a Caldense justificou que tinha um contrato em vigência e o Ministério Público questionava o contrato, já que não existia sequer uma licitação de exploração publicitária de um espaço público. Fizemos um termo de facilidade, mudando alguma coisa, e acordamos que no fim do contrato com a Caldense, que terminou esse ano, iríamos fazer uma licitação de exploração publicitária desse espaço”.
De acordo com Silva, a intenção não é prejudicar a Caldense ou favorecer quem quer que seja, mas sim uma questão de legalidade. "Tenho que ter responsabilidade, até a Câmara pode me cobrar isso, alegando que estou doando um espaço público para publicidade em detrimento de licitação ou de credenciamento. A própria Caldense pode participar desse processo e o município não está pedindo dinheiro, apenas uma contrapartida na manutenção do estádio. Só estamos querendo fazer algo que é legal”.
Em relação à ameaça da Caldense de jogar em outras cidades, o prefeito disse que desconsidera essa informação.

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