domingo, 4 de dezembro de 2011

O preparador físico que vale ouro

Priscila Loiola
ACS Futebol Caldense

“Medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, campeã Pan-americana no Rio de Janeiro de forma invicta, sem tomar gol e aplicando goleadas em todos os jogos, além de conquistar recentemente o vice-campeonato mundial. Nos últimos três anos, a Seleção Brasileira Feminina de Futebol tem atingido feitos grandiosos mesmo comparados às conquistas mais recentes dos homens. E o segredo para atingir este patamar, além do talento de jogadoras como Marta, está em um fator pouco comentado dentre as mulheres futebolistas no Brasil: a preparação física.”
Foi assim que o jornalista esportivo doutor Osmar iniciou um artigo em seu blog logo após a Seleção Feminina conquistar o vice no Mundial em 2007, destacando o trabalho da preparação física. Nas duas últimas competições citadas, foi Jairo o profissional que cuidou para que as jogadoras atingissem feitos e resultados históricos.
Nesta semana, Jairo Porto foi convocado novamente pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira Feminina principal. Isso prova que o trabalho que ele fez em 2007 no Pan – quando a seleção conquistou o bi-campeonato com uma campanha perfeita e exemplar, tendo o melhor ataque, com 33 gols, a defesa menos vazada, com nenhum gol sofrido, e a artilharia de Marta, com 12 gols – e no Mundial – quando conquistou o vice, resultado inédito até então –, foi reconhecido.
“Na época, o início do trabalho da preparação física foi bem complexo. Tivemos que corrigir uma série de defasagens devido à dificuldade que o futebol feminino sofre no Brasil”, comenta Jairo, se referindo à falta de campeonatos nacionais na categoria. “Apesar de a CBF dar todo apoio e estrutura, que são idênticos ao da seleção masculina, não existe aqui um modelo permanente, como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo. A gente faz todo um trabalho, mas quando terminam as competições, as jogadoras retornam aos seus clubes de origem, e depois de um tempo, quando voltam à Seleção, temos uma série de regressos na forma física delas. É um desafio treinar uma equipe que não tem uma rotina em seus clubes o ano todo”, conta Jairo.
Questionado sobre as diferenças entre ter sob supervisão uma equipe masculina e uma feminina, Jairo diz que a primeira coisa que se tem que levar em consideração é que se está lidando com mulheres, que possuem emoções mais afloradas, são mais sensíveis e delicadas que os homens. “É diferente desde a forma de acordá-las, de conduzir o dia a dia, o jeito de falar... Sem contar a parte fisiológica, já que os níveis de força são diferentes. Devemos respeitar as características individuais femininas. E é sempre uma experiência muito engrandecedora, tanto pessoal quanto profissionalmente, pois as atletas são ávidas por informação, e os treinamentos sempre fluem muito bem”, relata.
Jairo foi convocado pela primeira vez em 2006, para disputar o Sul-americano, que foi o passaporte para o Pan do Rio, a Copa do Mundo e as Olimpíadas de Pequim (2008), não tendo participado deste. Agora, o trabalho recomeça visando os Jogos Olímpicos de Londres, que acontecem entre 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Como primeira etapa de preparação para Londres, a Seleção terá pela frente o 3º Torneio Internacional Cidade de São Paulo de Futebol Feminino, que ocorre entre os dias 08 e 18 de dezembro, no Estádio Pacaembu, com a participação das seleções italiana, dinamarquesa e chilena. Esse evento será transmitido pela emissora Bandeirantes de televisão.
Jairo se ausentará do Ninho dos Periquitos do dia 04, quando se apresenta em São Paulo, ao dia 18, ficando sob responsabilidade de seu auxiliar, Wagner Souza de Freitas, a continuação do trabalho já planejado por ele. “O preparador montou um pré-planejamento para que eu execute enquanto ele estiver fora. Diariamente, enviarei relatórios sobre o andamento de tudo por aqui, de como está o rendimento de cada atleta, e de lá ele irá nos orientar. Nosso trabalho está entrosado, por isso tenho certeza de que os jogadores não sentirão a diferença na aplicação dos treinos”, explica Wagner. Por ser 2012 um ano olímpico, Jairo fica sujeito ao calendário da CBF. “Quando houver convocação, serei liberado pelo clube, mas sempre deixarei os trabalhos adiantados para serem aplicados pelos outros integrantes da comissão técnica”, ressalva.
O técnico Ademir Fonseca faz questão de destacar o orgulho que toda a equipe da Caldense sente por ter como membro um profissional que defenderá a nação brasileira através do futebol.
“É muito gratificante ter o Jairo como companheiro de trabalho, e saber dessa convocação só nos deixa mais orgulhosos. Ele tem todo nosso apoio para dar o seu melhor pela Seleção. Ficaremos todos na torcida, esperando que ele alcance seus objetivos”.

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