No último domingo, uma missa em ação de graças com a presença de todos os atletas e professores, a URCP comemorou os trinta anos de fundação da URCP. Houve ainda um evento esportivo de confraternização no ginásio Juca Cobra. O blog presta uma homenagem republicando uma entrevista com Geraldo Flora Muniz, o Loló. A equipe, segundo Loló teve um ano dos mais positivos. A equipe participou de seis eventos e em todos teve atuação de destaque.
Numa sala repleta de troféus que ilustram uma história que em 2011 completou 30 anos, Geraldo Rosa Flora Muniz, ou simplesmente Loló, como é conhecido em toda a cidade, conta as dificuldades de conquistar cada um deles. Um dos destaques é o troféu de um torneio de futebol society organizado pelo programa esportivo da TV Poços Bate Bola. Tem dois metros de altura e enche Loló de orgulho. "Tirar os garotos das ruas sempre foi minha maior obsessão. Quantas vezes busquei garotos em caminhos tortos e fiz o possível para mostrar a eles que a vida poderia se transformar para melhor”, disse.
Loló percebeu que o esporte seria o meio mais abrangente de ajudar com estes jovens. Assim, em novembro de 1981 nasceu a União Recreativa Casas Populares (URCP).
Corinthiano apaixonado, Loló recebeu nossa reportagem e contou um pouco desta história de vida.
Mantiqueira – O trabalho sempre priorizou crianças e jovens?
Loló – Sempre. A parte social para nós é muito importante. Cuidar das crianças, seja no esporte, na escola ou até mesmo em casa. A gente sempre procura orientar e acompanhar da melhor forma possível. Para participar do projeto Viva o Esporte/URCP o menino tem que estar bem na escola e em casa. Este trabalho visa a ajudar os pais na formação dos filhos.
Mantiqueira – Em 30 anos existem muitos altos e baixos. O que você destaca entre as conquistas e as derrotas da URCP?
Loló – As conquistas são fáceis de serem guardadas, as derrotas doem um pouco, mas são superadas. Em março estaremos lançando uma camiseta comemorativa dos 30 anos da URCP e conseguimos deixar estampado nesta camiseta cinco ou seis troféus que ganhamos com muito suor. Um deles a gente ganhou do programa Bate Bola da TV Poços no futebol society e é um belíssimo troféu de dois metros de altura. Temos conquistas no Jimi representando Poços de Caldas, ganhamos Lidarp, Copa Zona Sul, enfim, uma infinidade. Acredito que poucas equipes na cidade tenham uma sala de troféus igual a nossa. As derrotas marcam também. A gente sente, pois não está acostumado a perder, mas a derrota faz parte do esporte e sempre que perdemos alguma competição eu converso com os meninos para levantarem a cabeça pois na próxima a gente entra para corrigir os erros e tentar dar a volta por cima. Para ser um bom vencedor é preciso ser um perdedor melhor ainda.
Mantiqueira – Lidar com meninos nesta faixa etária complicada é sua especialidade. Como você administra isto?
Loló – Conseguir tirar um menino das ruas é muito prazeroso. Ver este menino evoluindo, indo bem na escola e com um sorriso mostrando que tirou nota boa é o incentivo maior para meu trabalho. Claro que muitas vezes é difícil lidar com o pai de algum atleta que começa a questionar os métodos de trabalho. Ele acha que seu filho é o melhor de todos e tem que jogar e quer escalar o time. É ruim, pois afeta a criança, que muitas vezes é tirada da equipe por este pai e isto magoa muito. Muitos saem e depois voltam e a gente recebe sempre todos de braços abertos.
Mantiqueira – Este trabalho consome muito tempo. E a família, como fica?
Loló – Dá para conciliar perfeitamente o trabalho social na URCP com a família. Tenho uma excelente companheira, minha esposa Sandra, como professora, ajuda também no projeto. A família para a gente é sagrada e isto serve tanto para mim quanto para os meninos da URCP. Se você observar nos treinos e nos jogos as arquibancadas ficam cheias de famílias e fica muito bonito de se ver.
Mantiqueira – Uma pergunta muito fácil de você responder. Em trinta anos, quantos meninos já passaram pela URCP?
Loló – Nossa. Fácil nada (risos). Difícil falar exatamente quantos garotos já ajudei nestes 30 anos. Posso assegurar que mais de 30 mil crianças já passaram pela URCP. Estes meninos formaram suas famílias e depois seus filhos vieram também a trabalhar comigo. Tenho orgulho em afirmar que se desgarraram bem poucos. Alguns a gente não conseguiu desviar para o bom caminho e acabou se perdendo no mundo das drogas, mas a imensa maioria se deu bem na vida.
Mantiqueira - E quando chegar a hora de parar?
Loló – Confesso que quando aparecem algumas perturbações com pais de meninos a vontade maior é de parar com tudo na hora. Para citar um exemplo, na final da Copa Lázaro Walter Alvisi a mãe de um menino que nem era da URCP criticou meu modo de trabalho e fiquei muito irritado. Dei algumas declarações sobre isto na época. Não é fácil. Você faz o trabalho, dedica sua vida e a pessoa diz que você não tem condições de treinar os meninos. Você esteve em minha casa, viu as fotos, uma sala recheada de troféus. Como não tenho condições de treinar os meninos? Aquilo me irritou e quase deixei me levar e abandonar os meninos. Depois, com a cabeça mais fresca, pensei melhor e vi que é um ou outro que critica, a maioria está do meu lado e por enquanto não penso em parar.
Mantiqueira – A URCP tem apoio de alguém?
Loló – Temos apoio da Secretaria Municipal de Esportes, através do projeto Viva o Esporte. Quero finalizar agradecendo a Deus pelos 30 anos lidando com a criançada e a todos os atletas da URCP. Sem eles eu não teria condições de conseguir o que consegui durante minha vida.
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