sábado, 26 de março de 2016

“Não prometo medalha, mas garanto que farei uma grande Olimpíada”

Poços de Caldas, MG - O Mantiqueira conversou ontem com exclusividade com Renato Rezende, principal piloto do BMX brasileiro, e cotado para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Renato falou de tudo um pouco. Ele contou sobre o susto recente quando caiu em uma competição nos Estados Unidos, da rápida e surpreendente recuperação, da volta aos treinos e da expectativa em disputar sua segunda olimpíada, sendo que esta é especial por ser no Brasil.
Renato Rezende atualmente conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e do Programa Bolsa Pódio, além de seus patrocinadores Nissan, NeoNutri, Oakley, Shimano, GT Bicycles, Tioga, Slyde. Academia Olimpo, Hotéis Monreale, Redstart, Ricardo Moscovich, além do apoio da Beone e Pro1 Sports.
Mantiqueira - Como é estar em Poços de Caldas novamente e rever os familiares?
Renato Rezende - Sempre é muito bom estar com minha família. Apesar do tempo desta vez ter sido curto, apenas três dias, é muito legal estar aqui sempre. Era para descansar, mas na verdade estou treinando forte. Sexta-feira fiz um trabalho intenso na Academia Olimpo, ontem cedo realizei outra atividade forte e assim vai. Ainda não posso andar de bike na rua, mas não me descuidei da recuperação. Estou fazendo tudo para me recuperar o mais rápido possível. Não parei de treinar em momento nenhum, mesmo depois da contusão não me descuidei e por isto estou muito bem fisicamente.

Mantiqueira - O que aconteceu nos Estados Unidos que assustou seus fãs e o mundo do BMX?
Renato Rezende - Estava disputando uma competição importante nos Estados Unidos. Caí numa sexta-feira, sábado peguei um voo para o Brasil, cheguei domingo e segunda-feira já estava operando. Quarta-feira comecei a fisioterapia, sexta já estava treinando em academia, fazendo exercícios de força, pernas e muita fisioterapia. Foi realmente um grande susto, mas não deixei me levar pelo desânimo e por isto estou muito confiante em um bom resultado no Rio de Janeiro.

Mantiqueira - E como se deu esta recuperação tão rápida?
Renato Rezende - Fiz em média cinco a seis horas de fisioterapia, cuidando muito do ombro, principal local lesionado. Muito gelo no local. Em cinco dias de trabalho já conseguia levantar o braço em 90 graus e desde então estou melhorando a cada dia. Já se passaram cinco semanas e, segundo o médico, em outras três semanas já estarei liberado para os treinos na bicicleta. A recuperação está sendo excelente e todos ficaram impressionados com a rapidez com que ela aconteceu. Mas sempre fui uma pessoa muito dedicada em tudo que faço, seja nos treinos ou quando me contundi, porém, desta vez a dedicação foi ainda maior e por isto o resultado está aí. O fisioterapeuta ficou comigo 24 horas num total suporte.

Mantiqueira - Você acredita que este tempo se recuperando não vai prejudicar seu desempenho na olimpíada?
Renato Rezende - Fiquei parado apenas cinco dias depois da competição e da contusão e logo comecei os treinos novamente. Estou parado dos treinos na bicicleta, sem andar na pista, sem pular rampa, mas estou pedalando muito bike de estrada no rolo (academia) e fazendo muitos exercícios, com isto não perdi meu preparo físico e isto é muito importante. Ando de bicicleta desde criança e não é este tempo que vai me fazer desaprender. Sou um atleta de alto rendimento e lógico que nos primeiros dias não serei o mesmo de antes da queda, mas logo estarei no melhor de minha forma, muito perto da minha forma ideal de competição. O maior problema quando um atleta se lesiona é o preparo físico e não a técnica, e eu estou muito bem fisicamente. Estou me sentindo muito bem, pois os mesmos treinos de resistência que eu fazia antes estou fazendo agora. A técnica em duas semanas de treinamento na pista eu recupero.

Mantiqueira - Como será sua programação até os jogos olímpicos?
Renato Rezende - Na verdade ainda não sei muito bem. Serei liberado para os treinos em breve e vai depender muito de como vou estar me sentindo. Devo fazer mais uma etapa de Copa do Mundo em maio e mais um campeonato mundial. Devo sair do Brasil para treinar, mas ainda não sei precisamente como será esta programação.

Mantiqueira - Sua pontuação no ranking hoje o garante na olimpíada?
Renato Rezende - Sim, ainda estou na frente nos critérios devido aos meus resultados nos últimos dois anos. No ranking mundial entram três pilotos de cada equipe e a pontuação me garante hoje em qualquer das equipes que estão na disputa.  Fiz muitos pontos neste período e isto me dá muita segurança de estar nestes jogos em casa.

Mantiqueira - O que o Renato Rezende espera destes jogos no Brasil?
Renato Rezende - Não vejo a hora de ter minha vaga confirmada e entrar na pista. Estou ansioso para correr e contar com apoio da minha família. Vai estar tudo mundo ali e só de pensar já fico emocionado e me dá uma adrenalina muito forte. Quero canalizar muito esta energia a meu favor e aproveitar o fato de estar competindo em casa. Não estou prometendo medalhas para ninguém, não tenho este compromisso, aliás, nenhum atleta tem pois esporte é esporte e todos estão ali com o mesmo objetivo. Todos que estão ali treinaram pelo mesmo objetivo e estão bem e com condições de brigar de igual para igual. Quero usar tudo a meu favor, a arquibancada, o clima a que estamos acostumados e que tudo esteja do nosso lado, não contra. Estou muito empolgado e não vejo a hora de estar competindo.

Mantiqueira - Voltando a falar da contusão, como a Confederação Brasileira de Ciclismo agiu?
Renato Rezende - Quero aproveitar a pergunta e agradecer demais à CBC e ao Cob. Recebi todo o apoio deles. Quando um atleta está por cima é muito fácil apoiar, mas neste caso foram especiais comigo e agilizaram tudo para minha operação. Passagens, médico, enfim, um apoio muito importante que contribuiu com minha rápida recuperação. Agradeço de coração e me senti muito bem recebido e um carinho muito grande. Fico feliz por eles e todos os meus patrocinadores que não me deixaram de lado em momento algum. Aproveito ainda para agradecer um parceiro especial que fiz ontem, o Ricardo Moscovich, que resolveu me ajudar. Enfim, uma corrente muito grande e espero retribuir um por um quando estiver em ação.

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