Grande amante do futsal e ex-jogador da GM Costa, que viveu a melhor fase da modalidade em Poços de Caldas, Luiz Roberto Martins conversou com a reportagem do Mantiqueira e disseque tem planos para que a equipe volte a ser força no futsal de Minas Gerais. Ele foi três vezes campeão da Taça EPTV, sendo duas como jogador e uma como técnico, quarto colocado no campeonato paulista, além de ter título no JIMI, Copa Alterosa, entre outros. Martins ainda respondeu às críticas de Rubinho, que recentemente acusou o atual presidente da Caldense, Laércio Martins, de usar o futsal da GM Costa para se eleger presidente do clube e depois acabar com a modalidade.
Mantiqueira - Como foi o começo daquele grande time da GM Costa?
Luiz Roberto Martins – O começo não foi nada fácil. A gente mais apanhava do que batia, mas não deixávamos de treinar com seriedade para aprender com os erros. Quando começamos no futsal, o presidente da Caldense era o Demilton Vacarelli, que nos mostrou um projeto para nossos treinamentos. A participação da Caldense era apenas no empréstimo da quadra para treinarmos. Montamos o time com Zé Luiz como diretor e o falecido Rubita como treinador. Fomos buscando novos campeonatos, novos intercâmbios, uma estrutura mais séria. A GM Costa passou a patrocinar. Alguns jogadores não tinham salário e outros ganhavam em torno de um salário mínimo para defender a equipe. O time foi crescendo e passamos a disputar campeonatos mais importantes, como o Metropolitano. É bom deixar claro que esta equipe não tinha nada a ver com a Caldense. Era GM Costa/Portuguesa. Mais tarde fizemos parceria com o Reio e depois com uma associação de Bebedouro. A única coisa que a Caldense fazia para nos ajudar era ceder a estrutura para que pudéssemos treinar. Na época o Laércio foi eleito presidente porque era sócio e foi indicado pelo conselho da Caldense e não por causa do futsal, como foi citado pelo Rubinho na entrevista que concedeu ao jornal. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Mantiqueira – O que aconteceu com esta equipe que acabou não tendo sequência em seu trabalho?
Luiz – Começamos a ter atritos no time, alguns provocados pelo próprio Rubinho, que acabaram contribuindo para o desmanche do grupo.
Depois o Marcão e o Gustavinho decidiram ir para o futebol de campo e chegou uma hora em que o time acabou. Mas foi uma grande fase, uma época de ouro, que, na minha opinião, foi a melhor já vivida pelo futsal de Poços de Caldas. Depois que cada um foi para um lado nós ainda mantivemos na GM Costa um projeto mais tímido com juvenis e disputando apenas os campeonatos regionais como os torneios da EPTV, TV Alterosa, muitas vezes representando outras cidades, como Carmo do Rio Claro, Paraguaçu, Alfenas. Nesta nova fase muitos já não estavam mais.
Mantiqueira - Como veio a chance de participar da Liga Nacional?
Luiz - Quando tivemos a possibilidade de disputar a Liga Nacional, aí sim a Caldense teve participação com o patrocínio da Petrobras. Mas esta Liga veio no final da gestão do Laércio Martins e a competição foi realizada no mandato de Albert Mareca, que nos excluiu de vez. Saiu todo mundo daquele time vencedor que formamos. Então, na verdade, quem não valorizou o futsal local foi a Caldense sim, como disse o Rubinho, mas na gestão do Albert Mareca. Naquele time que disputou a Liga Nacional não tinha quase ninguém de Poços de Caldas. Este fato acabou sendo um fator determinante para acabar com o futsal local. Houve um desânimo dos jogadores da cidade. A Liga não se envolveu, não tomou partido. E assim acabou aquela geração vencedora. Foi montado para disputar a Liga Nacional um time com jogadores do Rio de Janeiro e de São Paulo. Atletas muito bons, uma estrutura super profissional, cara e bancada pela Petrobras. Mesmo com tudo funcionando bem o negócio desandou e a campanha na Liga não foi muito boa. Com o barco naufragando o Albert resolveu me pedir ajuda. Na época ele disse que só eu seria capaz de tocar aquele time. Assumi a equipe e entrei numa verdadeira bomba atômica. Consegui arrumar a casa, fomos campeões da TV Alterosa, vice da Taça EPTV em Varginha. Fiquei pouco mais de um ano treinando este time e depois todos foram dispensados.
Mantiqueira – Como você tem visto o futsal de Poços na atualidade?
Luiz – Aquela fase que vivemos dificilmente volta no futsal de Poços. Deveria ter sido feita uma estrutura administrativa capaz de dar sequência ao trabalho. Recordo que naquela época todo mundo falava no futsal da GM Costa, que era mais prestigiado que o futebol profissional de Poços. A cada partida que fazíamos a quadra ficava lotada. O time da GM Costa/Portuguesa chegou a colocar duas mil pessoas no ginásio da Caldense por jogo. Aquilo era matéria para a mídia durante toda a semana. Jornais, rádios, todos entravam no clima. Treinávamos três vezes ao dia. Eu fazia um trabalho separado com o Miro pela manhã e tinha coletivos. Eram treinos manhã, tarde e noite. Esta rotina aconteceu durante uns três anos. Era uma motivação que hoje não vemos na cidade. O futsal atual de Poços de Caldas é muito fraco, não consegue mais títulos, resultados que reconquistem o torcedor. Claro que tínhamos um grande apoio da GM Costa, que cobria todas as despesas com o time. Hoje faltam parcerias que busquem fortalecer nosso futsal. Antes, a preocupação dos times da região era não se confrontarem com Poços de Caldas e hoje as equipes locais não assustam mais.
Mantiqueira – Parcerias iguais aquelas podem voltar a ser feitas pela GM Costa?
Luiz – Tenho um projeto há mais de dez anos que não foi pra frente porque sempre dependeu de terceiros. O maior problema era encontrar uma quadra para treinos e jogos e por isto este projeto não saía do papel. Agora eu e o Danilo estamos perto de concretizarmos este projeto e voltar a fortalecer o futsal local. O Danilo sempre foi uma pessoa que trabalhou em prol do futsal de Poços de Caldas e é fiel ao nosso projeto. O Gustavinho também está conosco e, com eles, desta vez tudo está caminhando para dar certo. A GM Costa vai construir um poliesportivo no bairro São Bento, onde tem um terreno. Neste ginásio vamos trabalhar para desenvolvermos um time de alto nível para disputar o Campeonato Estadual de Futsal. Este trabalho vai ser desenvolvido com as crianças do bairro, numa parceria social e esportiva. Será uma quadra da GM Costa, num projeto da GM Costa, bancado pela GM Costa e acredito que em três ou quatro anos nosso time estará no mesmo nível daquela época, quando éramos respeitados por nossas vitórias. O terreno já está terraplanado. A empresa ainda usa o local para algumas atividades profissionais, mas logo começaremos a obra que não deve demorar para ficar pronta. Será tudo simples, porém com estrutura suficiente para concretizarmos nosso sonho. Será feito dentro das especificações oficiais e este ginásio deve ficar pronto em um ou dois anos.
Mantiqueira – Esta nova equipe da GM Costa será composta apenas por jogadores de Poços de Caldas?
Luiz – A intenção é montar um time competitivo, nos moldes daquele que tínhamos antes. Vamos tentar inicialmente que jogadores de Poços que estejam envolvidos no projeto. Se tiver que buscar jogadores de fora seria para desenvolver as atividades em alguns núcleos em parcerias com as instituições de caridade. Não queremos convênios com prefeitura para não criar vínculos políticos. Não é isso que queremos para este projeto. Nestas parcerias com as entidades, as pessoa seriam auxiliadas pelos jogadores que viriam de fora e desenvolveriam as práticas esportivas que também seriam levadas para os bairros. Eles estariam trabalhando no projeto e fazendo parte do time. Tenho ligações com pessoas importantes da área que já se colocaram à disposição do projeto. Tudo está muito bem encaminhado e tem tudo para dar certo.
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